Vento do Oeste!
Vento do Oeste;
acaricia meu rosto, aquece meu coração, purifica minha alma. Vento do Oeste;
leva-me flutuando entre a terra e a lua aos plátanos da minha infância. Vento
do Oeste; sopra com ternura e leva-me a ver as coisas belas da tua zona minha
pátria. Vento do Oeste; leva-me ao carvalhal, ao bombarral, ao vimeiro, ao
montejunto, corujeira, vilar, vilanova, cadaval, tojeira e mais lugares
sagrados. Vento do Oeste; leva-me nas tuas asas, por serras, vales e rios à
minha aldeia, local do meu nascimento. Vento do Oeste; leva-me a ver o moinho,
a ponte, a fonte, a capela, o rio, e tudo o que a minha memória arrecadou.
Vento do Oeste; leva-me a ver quem amei e não esqueci. Vento do Oeste; leva-me
a ver as vinhas, pereiras, macieiras e figueiras que mataram a minha fome
quando menino. Vento do Oeste; leva-me a ver os entes queridos que já partiram
desta vida, mãe, irmã, primos, tios, padrinho e avós. Vento do Oeste; leva-me a
ver os animais que amei, em especial o Tejo, cão grande, amarelo e pachorrento.
Vento do Oeste; leva-me a ver as minhas memórias de menino pobre e abandonado.
Vento do Oeste; suaviza minha alma e leva-me a ver a minha campa no cemitério!
ZM 9/4/2012
Ah! Vento do oeste não sejas agreste para os filhos que tanto te amam.
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