O polegar estava triste, uma
tristeza sem fim. Uma mágoa imensa, melancolia e saudade da sua época áurea.
Deixado ao abandono, ele sentia na alma e no corpo o desprezo dos irmãos. Até o
mais pequeno que nada fazia, nem antes nem agora, ria-se do irmão polegar,
acompanhando os outros três irmãos na árdua tarefa de debitar letras. O polegar sonhava com o tempo em que ele sozinho fazia metade da tarefa. O polegar sentia
revolta e ódio pelo avanço da modernidade que anulara os seus préstimos. O polegar sentia-se inútil. Não podia abandonar os irmãos mas sentia raiva por
eles serem felizes, enquanto ele fora posto de fora como parasita do talento
dos outros. Mas um dia houve glória. O polegar, a caneta e o papel, uniram-se
fazendo um pacto. Avançaram para o manuscrito em força, com desejo e talento.
Assim a obra nasceu! Nesse dia ao deitar o polegar estava feliz!
Bray, 5/6/2012
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