quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Fumar ou não fumar!


Fumar ou não fumar, eis a questão? Este dilema coloquei a mim mesmo durante anos, faltou sempre a coragem para tomar uma decisão. Sabia bem que era um disparate, por isso de vez enquanto fazia uma tentativa para parar com o vício, mas o sacana vencia sempre. As tentativas não passavam de truques para me enganar. Marcava uma data para chupar o meu último cigarro, o dia passava e nem de tal me lembrava. Decidia ir reduzindo o numero de cigarros gradualmente, dia após dia fumava menos um cigarro, de repente vinha a pressão da vida o programa era interrompido e ia para as calendas. Fumava tabaco fingido, mas claro que não colava. Com isto tudo o tempo ia passando e o corpo ia sentido os efeitos malignos da droga. Os dentes estavam negros, como negros estavam os dedos que seguravam os cigarros, os escarros eram castanhos e quando me assoava o lenço metia nojo e não era só ranho, era também da sujidade derivada da nicotina, do alcatrão e restante porcarias. Estava ficando pele e osso, faltava o ar quando corria ou nadava, até nas quecas sentia a diferença. Tudo isto e ainda não tinha trinta anos.
Na minha vida social, amigos e família, no trabalho e no desporto, incomodava toda a gente. Fumava em casa junto da companheira e filha, tanto na mesa da refeição como no quarto de dormir, fumava junto dos colegas que nunca pegavam num cigarro, fumava na mesa de jogar xadrez defronte de adversários que não fumavam, inclusive crianças e doentes. Tudo isto era de um egoísmo primário, de alguém sem dignidade nem carácter.
O carro tinha cinza e mau cheiro, metia nojo, as camisas eram queimadas porque por vezes tinha dois cigarros acesos e não tinha controlo sobre eles. Isso acontecia muito quando me concentrava no jogo nos campeonatos de damas ou xadrez.
Fumava tudo, três maços de cigarros por dia, cachimbo, cigarrilhas e até de vez em vez um charuto. Estão a ver o filme? Começava às oito da manhã e terminava às duas da madrugada ou mais tarde ainda.
Comecei a fumar ao mesmo tempo que comecei a trabalhar, tinha treze anos. Era fino, era ser homem, era ser importante. Rapaz a chegar a adulto que não fumasse era assim uma coisa para o outro lado. Tudo um disparate do marketing das empresas responsáveis pelo veneno. Nesse tempo, a divulgação dos malefícios e respectivo aviso era omisso.
Um dia deixei de fumar, deixei mesmo de vez. Vocês perguntam. – Como conseguiste, quando antes não foste capaz? Muito simples, da única maneira que considero efectiva, por teimosia.
Nos primeiros dias de Outubro desse ano, na Academia de Xadrez de Luanda, estava a jogar o campeonato de Luanda e chupava cigarro atrás de cigarro, por vezes com dois acesos. Todos tossicando devido à fumaça que navegava no ar da sala. No lugar de me concentrar na partida olhava para a assistência e pensava exactamente na porcaria do vício. Ao fundo da Academia sentada num cadeirão, uma senhora * de meia-idade olhava para mim com olhar reprovador. Quando me levantei no fim da partida veio falar comigo e deu-me um ralhete.
-Senhor Bray, um homem que ainda é um jovem, tão jeitoso, não vê como está magro e negro do tabaco. Um dia vai ter um problema grave, o tabaco é um veneno que mata um nadinha de cada vez, deixe de fumar.
Nesse dia fui para casa sempre pensando na merda do cigarro. Mas ainda não tive coragem de parar. Durante a noite foram só pesadelos…
No dia seguinte era sábado, começava o campeonato de Angola para o qual estava apurado. Parei na rua António Barroso para tomar café, enquanto saboreava o mesmo, pensava. - Bray tens a mania que és muito inteligente, mas não passas de uma besta, andas a dar cabo da saúde e ainda por cima a gastar o dinheiro que pode faltar para dar leite à tua filha, burro, burro. Puxei do maço de cigarros ainda quase cheio era da marca MC. Olhei uns minutos para a linda embalagem depois amachuquei o dito e caixote do lixo com ele. Até hoje não voltei a meter um cigarro na boca. Já lá vão muitos anos, aconteceu em 3 de Outubro de 1973.
Hoje não há falta de informação e os avisos são muitos. O TABACO MATA! Não entendo como se continua a fumar, ainda mais que no meu tempo!
Para deixar de fumar basta ter força de vontade. É óbvio que custa!
Penso que já não existia se não tenho parado de fumar.
O pouco que tenho é resultado do que não gastei em tabaco. Já fiz as contas.
Pouca gente sabe que fui o primeiro dirigente em Portugal a proibir o fumar nas salas de competição de xadrez, mesmo antes da FIDE.
* A senhora era a mulher do Paes Faria
José Bray



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Xadrez - Mega Clubes e Micro Clubes

Que interessa mais ao xadrez, existirem Mega clubes ou Micro clubes? Ou seja, por exemplo; um clube com 200 jogadores ou muitos com 10 jogadores?
Através dos tempos tenho pensado nesta questão. Como é óbvio os dois cenários são credíveis,  têm as suas vantagens e as suas desvantagens.
Pessoalmente defendo a proliferação de Micro clubes (secções) que na sequência de um projecto bem elaborado venham a  crescer. Vantagens na minha opinião: Motivação nos xadrezistas com vista a terem um lugar na equipa, formação de dirigentes, árbitros e monitores, permitindo que haja um clube em qualquer pequena povoação e nos bairros dos grandes centros populacionais, rivalidade entre clubes que levará a maior competitividade, envolvimento de mais organismos no processo de desenvolvimento da modalidade. Micro clubes, são ideais para secções de xadrez nos clubes desportivos e culturais e também nas escolas e universidades. Maior participação das comunidades locais. Desvantagens na minha opinião: Não encontro!
Durante muitas décadas para formar um clube de xadrez bastavam 8 jogadores federados, mais meia dúzia de xadrezistas e o sistema funcionava. A partir do momento em que o número de praticantes crescia em quantidade e qualidade, nascia naturalmente outro clube de xadrez, normalmente secção acoplada a outra qualquer colectividade. Conheci bem este fenómeno, sendo mesmo dinamizador do mesmo, durante a minha acção como dirigente. Assim proliferavam os clubes de xadrez.
Com o passar dos anos as regras mudaram. Antes um clube só podia ter uma equipa a jogar nos campeonatos nacionais em poule. Na taça de Portugal prova a eliminar, podia jogar com o número de equipas que quisesse e pudesse. Agora os clubes podem ter um numero indeterminado de  equipas nas provas nacionais, dentro de certas regras. Vantagens na minha opinião: Maior racionalização de meios, financeiros, competitivos e de formação. Ideal para clubes que só se dediquem ao xadrez em centros de elevada densidade populacional. Desvantagens: Fuga dos jogadores para os Mega clubes, diminuindo a qualidade nos Micro clubes, diminuição de clubes com identidade própria e menor cobertura do xadrez no espaço nacional.
Na verdade muitas vezes há necessidade de fazer acertos e alterar, mas tudo deve ser bem ponderado. Não devemos andar ao sabor de um qualquer "Xico esperto" que chega e muda por mudar.
Em certa altura do passado, os campeonatos nacionais de equipas foram estruturados para uma quantidade de clubes que nada tinha a ver com a realidade nacional. A quantidade de clubes em especial na 3ª divisão era uma megalomania. Com isso mataram as provas distritais de equipas.
Tentaram resolver a insuficiência permitindo que cada clube tivesse as equipas que quisesse e pudesse. Então nasceram os Mega clubes com quatro, cinco e seis equipas em prova. Como efeito perverso mataram uma parte dos Micro clubes.
Actualmente, os campeonatos nacionais colectivos são uma coisa sem alma nem sentido, os distritais desapareceram e a taça de Portugal está moribunda.
Na 35ª edição da taça de Portugal  ou seja esta época 2012/2013, estão inscritas 58 equipas mas os clubes  representados são só 40! Num tempo não muito longínquo jogavam a Taça cento e muitas equipas. Está tudo dito!
Convém tentar adivinhar os efeitos perversos, para os evitar.
José Bray




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Procurando o Bray

Introdução
Desde a primeira hora  foi nossa intenção envolver mais investigadores na procura do Bray, da família ou fora dela. Portanto este blogue estará aberto a todos que tenham algo a acrescentar ou simplesmente a comentar. Por outro lado desejamos dar a oportunidade a quem queira saber coisas sobre os Bray. Neste blogue já existem mensagens mais antigas que podem ser consultadas.
Pedimos por isso textos aos investigadores, não interessando a dimensão dos mesmos, desde que tragam algo de interesse.
Este primeiro trabalho é de Teresa Bray que já investiga os Bray há mais de uma dezena de anos. Esta prima é bisneta de Amélia Bray que por sua vez é bisneta de António Agapito da Rosa Bray que por sua vez foi filho de António  Francisco Agapito Bray. 
Teresa Bray tem investigado muito e bem, foi ela que encontrou a assinatura que transporta o apelido Bray para mais uma geração nos ascendentes.
José Bray


O “nosso” Bray mais longínquo - 1
António Francisco Agapito Bray, foi o nosso Bray mais longínquo, facto confirmado documentalmente através da sua assinatura conforme comprovativo em nosso poder. Viveu em pleno séc. XVIII, entre os anos de 1742 e 1793. Sabemos através dos Registos Paroquiais de Torres Vedras, Freguesia de Carmões, guardados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, que António Francisco nasceu a 16 Outubro de 1742 e foi baptizado a 29 do mesmo mês e ano. Aos 27 anos casou com Joaquina de Santa Anna, no dia 13 Novembro de 1769, na Ermida de Nª Sª da Piedade, da “Corujeira” e faleceu na mesma localidade, a 12 Outubro de 1793, com 50 anos de idade.
Do seu casamento com Joaquina de Santa Anna sabemos terem tido 5 filhos:
Maria Rita (1772-?)
José (1774-1777)
António Agapito (1776-1845)
Anna (1779-?)
Violante Isabel (1782-?)
Estão também documentadas três gerações sucessivas, anteriores a António Francisco mas, até à data, não há nenhuma menção explícita ao apelido Bray.
Pai, Manuel Francisco (1702-17?)
Mãe, Maria Josefa (17?-17?)
Avô paterno, António Francisco (1678-17?)
Avó paterna, Luzia da Conceição (16?-17?)
Bisavô paterno, Pedro Dias (16?-16?)
Bisavó paterna, Maria Francisca (16?-16?)

Teresa Bray – 14 Janeiro 2013 
O “nosso” Bray mais longínquo -2
Uma das razões para aparecer o Bray, pode dever-se ao facto de não ser habitual em épocas tão recuadas mencionar o apelido. Um indivíduo era geralmente conhecido no seu meio pelo seu nome de baptismo como Ana, Luísa, Maria, Manuel, António ou José, nada mais.
Outra das razões é que os Registos Paroquiais são efectuados de uma forma sucinta, expondo apenas os dados necessários e poupando papel, grande parte das vezes o pároco era o responsável essencial, não dando sequer espaço para assinaturas de testemunhas.
Estas regras com o evoluir do tempo foram-se modificando, permitindo outras leituras sobre os indivíduos, para além do seu nome e o dos seus progenitores, surgem dados como a idade, a profissão/ ocupação, nome da esposa ou esposo, número de filhos e, torna-se um hábito permitir que aqueles que sabem escrever assinem os actos que presenciam (ou quando não sabem, ao menos “assinem de cruz”).
A assinatura em nosso poder é a prova que António Francisco assinou claramente o seu nome completo, aproximadamente um ano e meio antes de falecer (Carmões, C2, fl. 85v, 23 Fev.1791). Esse documento é apenas mais um registo de casamento, da freguesia de Carmões e, assegura claramente que António Francisco foi testemunha desse casamento. Mais, a sua assinatura com uma caligrafia correcta e impecável prova-nos que era um homem instruído, facto que muitos Bray posteriores também seguirão.
Não sabemos ainda porquê que António Francisco é Bray.
O mais natural é ter herdado o apelido pela via familiar, paterna ou materna pois, eram comuns as duas e, continuamos a investigar o assunto com interesse. Podia, eventualmente, tratar-se de uma herança por simpatia, de uma pessoa influente da sua infância ou das suas relações, como um padrinho ou tutor, de nome Bray mas, também até hoje, não há confirmação desta ideia.
Ou então, mais simples, podia ser um título, um nome sonante para que lidasse com eficácia no seu meio profissional. Como e quando começou a ser utilizado o Bray continua a ser um mistério.
Esse é um dos nossos principais desafios. Todas estas meras hipóteses de trabalho continuam em aberto pois, em genealogia e história, tal como em qualquer ciência, cada verdade é continuamente reconstruída e aperfeiçoada.
Teresa Bray – 14 Janeiro 2013 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Memorial José Vareda 2013 - Esclarecimento

Após a publicação neste blogue da minha mensagem de 11 de Fevereiro, recebi no mesmo dia um email do presidente da Federação Portuguesa de Xadrez fornecendo alguns esclarecimentos relativo ao processo em polémica referente ao Memorial José Vareda 2013.
Pedi autorização ao Francisco Castro para inserir neste blogue a seu texto de esclarecimento, a sua resposta foi: Pedia-lhe que não colocasse. Não pretendemos criar mais polémica e confusão. O xadrez tem de estar unido. Compreendi a sua preocupação, por isso respeito o pedido do presidente. Em qualquer momento se Francisco Castro o desejar o blogue está à sua disposição para publicar os seus esclarecimentos.
Contudo sinto que tenho a obrigação de fazer alguns comentários, tentando que sejam de seu a seu dono:
1º - Continuo a pensar que é um disparate separar o Memorial José  Vareda do Nacional de Semi-rápidas equipas. A Federação tinha uma prova realizada no seu calendário sem qualquer trabalho e sem custos. O Memorial tinha o prestigio de ser uma prova Oficial, valorizando a memória do Dr. José Henriques Vareda.
2º - Quero dizer ao senhor presidente da FPX que não se defende os interesses da Federação mas sim do Xadrez, ao fim e ao cabo a missão do organismo. A FPX não é uma empresa.
3º - Um protocolo, um tratado, um acordo, não se esgota no fim de um qualquer mandato. Pode ser renegociado, ou anulado se uma das partes não cumprir.
4º - Não concordo que a FPX queira parte das inscrições com a desculpa que é para a arbitragem. No máximo podem exigir que a organização pague aos árbitros. O SOM até podia ter quem o fizesse a custo zero.
5º - Penso que devia ter acontecido uma  parceria entre FPX e SOM assente no dialogo e na tolerância. Devia ser assegurado os interesses do xadrez e do memorial.
Segundo os esclarecimentos do presidente da FPX, da parte do presidente do SOM não aconteceu esse dialogo tolerante e amistoso que leva à solução dos contenciosos. Francisco Castro também afirmou que sempre foi desejo da FPX que o Nacional se realizasse em conjugação com o Memorial José Vareda.
Agradeço ao Francisco Castro os esclarecimentos que me enviou, quando não tinha qualquer obrigação de o fazer. Por isso senti-me na obrigação de escrever esta mensagem.
Como notas finais e já dentro de outro âmbito quero dizer só mais duas coisas.
A - O fiasco do Memorial ficou a dever-se ao facto de o mesmo não ser prova do calendário oficial, ou seja  o Nacional de Semi-rápidas Equipas, como sempre foi no passado. Não é preciso encontrar desculpas inteligentes como a crise ou o mau tempo.
B - Lamento que no meio de tudo isto a memória ao Dr. Vareda  seja pouco documentada. Nunca, ou pouco se fala no homenageado, por isso parte dos jogadores nem sabe quem era o nosso doutor. Contudo, há quem queira ficar no pedestal.
José Bray



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Memorial José Vareda 2013 - Xadrez


Este ano a 26 de Janeiro disputou-se na Marinha Grande o 24º Memorial José Vareda, torneio de xadrez, homenagem do SOM ao ilustre cidadão homem com H grande, da cidade vidreira e não só. Estiveram presentes dezanove equipas sendo duas do clube anfitrião. Infelizmente foi um fiasco, no ano anterior estiveram quarenta e sete equipas sendo só uma da casa.
Desde que José Bray em 1990 arquitectou e levou à prática este evento, o Memorial foi sempre uma organização de excelente qualidade, ou seja um sucesso, sendo considerada por muitos a melhor prova de xadrez do calendário português. A pedido da Federação Portuguesa de Xadrez o Memorial passou a ser simultaneamente Campeonato Nacional de Equipas em partidas semi-rápidas. Foi assim durante vinte e três anos.
O casamento SOM/FPX nos últimos anos não foi contudo pacifico. A ruptura esteve diversas vezes para acontecer, mas no fim o bom senso imperou. Um protocolo foi assinado que dava o direito ao Memorial José Vareda ser até 2014 também Nacional, depois se voltaria a negociar. Este documento foi assinado entre a Direcção do SOM e o presidente da FPX Jorge Antão.
Sempre me fez confusão estes ataques sem tacto da FPX à filosofia do projecto do SOM no que respeita ao Memorial, uma vez que a Federação Portuguesa de Xadrez tinha um torneio oficial do seu calendário nacional, realizado a custo zero, sem qualquer trabalho e sem qualquer chatice. QUE MAIS PODERIAM QUERER? A ideia foi do SOM, a data foi conquistada pelo SOM, o trabalho foi do SOM e o prejuízo foi do SOM. Os anteriores presidentes da FPX, gestores mais experientes, foram sensíveis a estes argumentos.
Foi com grande espanto que este ano tomei conhecimento da divórcio SOM/FPX, levado a cabo por um jovem presidente (nascido quase na altura do primeiro Memorial) e um presidente que não cedeu às exigências federativas, não sei se bem se mal. Tentei investigar.
O senhor presidente da FPX, fez simplesmente tábua rasa do compromisso assumindo pelo seu antecessor.
Segundo me disseram a Federação pretendia uma parte das verbas relativas às inscrições na prova, dizem um terço. Será verdade? Se for é ridículo no mínimo!
Sim é um disparate, como muitos que têm sido feitos no xadrez nacional. A Federação queria parte das inscrições e o SOM ficaria com os prejuízos aumentados devido a isso. O Memorial dá sempre prejuízo, sem as inscrições ele ainda seria maior.
Ainda por cima a Federação cheia de falta de tacto foi marcar o Nacional para a mesma data que o Memorial que já acontece há 23 anos na Marinha Grande e sempre no último sábado de Janeiro. Por fim num recuo de última hora passaram para Março perante uma evidente derrota que se avizinhava.
Em qualquer dos casos contribuíram provavelmente para o fim de uma prova ímpar  Que ganhou o Xadrez de Portugal com tanto disparate?
Quero também dizer que embora já não faça parte do xadrez do SOM, apoio a sua tomada de posição. Não tinham infelizmente outra atitude a tomar, seguir em frente mesmo sendo um fracasso e com um grande buraco financeiro.
Tenham juízo meus senhores! Se não sabem, peçam conselhos.
José Bray

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Os Bray saíram do SOM! Porquê?

O mundo do xadrez de Portugal e não só, interrogou-se admirado por os Bray terem saído do SOM - Sport Operário Marinhense.
Após dezenas de anos de dedicação, como dirigentes, jogadores e professores e a pedido de inúmeros amigos e talvez alguns inimigos assim como dos xadrezistas em geral, sinto-me na obrigação de fornecer alguns esclarecimentos.
Sou sócio do Operário desde 1980 mais ano menos ano, actualmente além de mim são sócios também Ana Bray, Isa Bray e Daniel Bray.Comecei a colaborar com o xadrez do SOM a meio dos anos oitenta, sim por volta de 1985, já lá vão vinte oito anos. Isto no tempo do doutor José Henriques Vareda homem ilustre da Marinha Grande e não só. Nessa época tinha com amigos fundado o Núcleo de Xadrez da Marinha Grande, o nosso doutor tinha grande admiração pela forma com eu estava no mundo, ou seja havia grande empatia entre nós. A seu pedido organizei no seu Operário muitos eventos de qualidade tanto em xadrez como em damas, por sua vez José Vareda cedeu ao Núcleo de Xadrez uma sede a custo zero de aluguer.
Como tudo na vida, nasce, cresce e morre, o nosso doutor deixou-nos de surpresa em 1989, deixando órfão o grande amor da sua vida o seu Operário. Nesse fatídico fim-de-semana os xadrezistas do Núcleo jogando nas provas do INATEL em representação do SOM coroaram-se campeões nacionais de equipas. Foi como um requiem ao meu amigo! Fizeram parte dessa equipa, José Bray, Carlos Quaresma, Vítor Cordeiro, Carlos Marques e Mário Carvalho.
Após a falecimento do doutor  os ilustres do Operário falaram assim comigo:
--José Bray, era um sonho do José Vareda que o xadrez viesse para a sede do SOM e aqui se fizesse uma equipa federada, por isso pedimos a vossa boa vontade nesse sentido.
Falei com o núcleo duro do xadrez da cidade vidreira e decidimos fazer a vontade aos directores do SOM que nessa altura tinham realmente mérito e não estavam no clube por penacho ou promoção.
Pegamos nos tarecos do xadrez que já eram muitos, todos propriedade do NXMG e lá fomos para a sala quatro do SOM. Eram muitos relógios, muitos tabuleiros e peças, muitas mesas, cadeiras, livros e revistas não muitos. Fundou-se a equipa do SOM e mais tarde houve fusão com o NXMG.
Seguiram-se anos de glória, com a ajuda das competentes direcções, das eficientes funcionárias da secretaria do clube e com o apoio da autarquia Marinhense que tinha visão abrangente e percebia as vantagens da prática do xadrez no concelho.
Durante muitos anos organizámos o torneio 25 de Abril da Marinha Grande, prova ímpar em homenagem à revolução e seus ideais.
Criei o Memorial Dr. José Vareda em memória do meu amigo. Esta prova não existia em Portugal, por isso passou a ser designada também como campeonato nacional de semi-rápidas de equipas. Foi um evento único como todos sabem, um sucesso único no xadrez nacional. Este ano foi a vigésima quarta edição, infelizmente um fiasco.
A estória do Memorial será contada em texto que escreverei neste blogue, mais dia, menos dia.
Voltemos ao tema em causa. Durante vinte anos organizámos torneios fabulosos, além do 25 de Abril e Memorial  José Vareda, campeonatos nacionais e distritais, torneios FIDE, aulas de xadrez a centenas de jovens. As equipas do SOM e seus xadrezistas brilharam ano após ano, conquistando  títulos distritais e nacionais. Muitos dos seus jovens alcançaram o pódio e mesmo títulos de campeões nacionais.
Tudo o que tenho escrito é do conhecimento do universo xadrezista do país. Pela Marinha Grande nestes trinta anos de xadrez passaram milhares de jogadores nacionais e muitos estrangeiros. A cidade vidreira conhecia pelo vidro, ideais políticos de esquerda, passou também a ter reputação pelo xadrez.
A Marinha Grande chegou a ser conhecida pela Catedral do Xadrez de Portugal.
Em dada altura do percurso entrou a minha filha Isa Bray na modalidade chegando a  ser das mais fortes jogadoras do país. Em 2003 começou a jogar o Daniel Bray meu neto, que até hoje somou êxitos sobre êxitos,  foi campeão distrital absoluto com 15 anos em 2009, repetiu o titulo em 2011 e 2012, sendo por isso o campeão em titulo. De mim não falarei muito mas todos sabem que sou o campeão nacional de veteranos de 2012.
Contei isto tudo para entenderem o papel dos Bray no xadrez da Marinha Grande e do SOM.
Através destes 30 anos dei o meu melhor, como jogador, como dirigente e como professor. sacrifiquei muito do meu tempo e gastei do meu bolso muito dinheiro, muito mesmo!
A partir de certa altura entraram no SOM direcções que já não tinham a classe das anteriores. Os antigos directores devido às mais diversas razões foram-se afastando do clube, entrando outros que não tinham a mesma maneira de ver a carolice e o voluntariado. Para os novos tudo estava mal! Todos trabalhavam mal! Pobre ousadia da ignorância  Nessa altura também me afastei das responsabilidades ficando só a funcionar como jogador. Contudo quando havia qualquer problema lá vinham incomodar o Bray que não tinha a ver com as questões em causa. Ou seja, não havendo solução lá ia o Bray pegar na viatura e solucionar o problema muitas vezes com elevados custos, e ainda por cima ter de jogar mesmo não querendo.
Finalmente a razão porque saí:
No principio da época quis saber qual o projecto para a temporada que ia começar, para tal solicitei essa informação à Direcção e a um individuo que apareceu dizendo que era o novo seccionista. Queria tudo escrito preto no branco, tim por tim, não queria comprar nabos em saco. Queria um documento assinado  pela Direcção do SOM.
Insisti várias vezes e sabem o que aconteceu? A Direcção em birra comigo nunca respondeu  embora anteriormente me aborrecesse por coisas sem qualquer importância e que tinham sido feitas por outros.
Por sua vez o seccionista que ninguém nos informou que o era, aquando dos seus contactos connosco foi  dizendo umas coisas mas, no fundo, nada dizia..
Esperei até 4 de Dezembro, dois meses após começar a época. O Daniel Bray não pôde por isso ir a uma prova oficial. Ainda por cima me chegaram algumas comentários desagradáveis. Então que fiz mais os outros Bray? Partimos, não tínhamos outra solução!... A Direcção do SOM na sua prepotência nada fez para segurar os Bray.
Tive o cuidado de não influenciar ninguém com a nossa saída, porque quero o melhor para o SOM.
Quero esclarecer que tenho uma pasta com todos os documentos inerentes a este processo, que me levaram a escrever no meu blogue.
José Bray