sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Tampinhas e cadeiras de rodas!

As tampinhas! E as cadeiras de roda!
Sabem quanto pesa um garrafão cheio de tampinhas? De 900 a 1000 gramas! É verdade! Há uns meses apercebi-me que um amigo andava a fomentar uma campanha de recolha de tampinhas para ajudar uma criança a adquirir uma cadeira especial, para o menino poder ter um mínimo de qualidade de vida. Daí para cá comecei a reparar na quantidade de campanhas a solicitar a colaboração de todos. Só no meu clube de bairro há duas crianças a precisar das ditas cadeiras. Sem precisar de ser muito esperto chego à triste conclusão que em Portugal deverão ser necessárias uns largos milhares de cadeiras, umas mais sofisticadas que outras, e todo o mundo a guardar tampinhas. Lamento que muitas tampinhas ainda vão directamente para o lixo e não sejam aproveitadas para as ditas campanhas. Falta de esclarecimento por um lado, falta de civismo por outro.
Vou falar do menino que está nas preocupações do meu amigo por sinal um grande cidadão de seu apelido Duque. Foi-me enviado a meu pedido o orçamento para a cadeira, por sinal especial, o seu preço é 8 000 euros (oito mil). Para alcançar este valor é preciso 80 000 quilos de tampinhas (oitenta mil), cada garrafão pesa no máximo 1 quilo, são necessários para lá de 80 000 (oitenta mil) garrafões. Estão a ver o filme? Quando será que esta criança vai ter a sua cadeira? Pensem na logística para angariar, movimentar e armazenar tão volumosa quantidade de tampinhas. A criança vai chegar a adulta sem ter cadeira se não houver outros apoios!
Tenho vergonha de pertencer a uma sociedade em que os seus governantes não resolvem estes dramas! Há dinheiro para todas a grandezas dos poderosos, dos “barrigas cheia” como dizia Zeca, mas não há dinheiro para a sobrevivência das infelizes crianças!
No dito orçamento que recebi ainda havia algo que envergonha os legisladores, tinha IVA incluído! Será que este tipo de equipamento devia ter IVA?
Amigos xadrezistas, vamos ajudar o menino através do Duque?

2º Torneio de Xadrez João Santos

2º Torneio de Xadrez João Santos, Daniel Bray, venceu com classe! Disputou-se no Bombarral este importante torneio de Xadrez em homenagem ao senhor João Santos grande dinamizador do xadrez no Distrito de Leiria. A prova foi disputada em partidas lentas e o nível de competição foi de elevada qualidade. Daniel Bray do Sport Operário Marinhense realizou uma prova onde demonstrou a sua força de jogo ao fazer 4,5 em 5 pontos possíveis, só cedendo um empate, com um Elo de 2014 fez uma performance de 2314. Concorreram por convites 18 jogadores representando 9 clubes. 1º Daniel Bray, 2º Victor Morais, 3º Paulo Fanha, formaram o pódio, o forte xadrezista Ricardo Evangelista vencedor da primeira edição ficou em 4º, Francisco Cavadas sub14 ao ficar em 5º foi a grande revelação do torneio tendo 1596 de Elo fez uma performance de 1974. Este evento foi uma demonstração de consideração e amizade por um grande desportista e homem com H grande João Santos, para o ano há mais.








































Concentração!





































Partida decisiva!








































O pódio! Paulo Fanha 3º, Daniel Bray 1º e o mestre Victor Morais 2º.



Com o senhor João Santos, o homenageado!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

XADREZ NAS ESCOLAS

Transcrevo este documento de superior importância do responsável do Xadrez Escolar do Brasil! Os nossos senhores do PODER, deviam lê-lo e parar para pensar! José Bray


Xadrez EscolarUm Instrumento Multidisciplinar numa Escola de Qualidade.
Pelo GM Jaime Sunye - Coordenador do Projeto Nacional de Xadrez Escolar Neste início de século a sociedade, em seus setores sociais, econômicos e políticos, vêem apresentando múltiplas demandas ao sistema educacional. Isto, aliado à renovada confiança no poder da educação, na sua importância para o desenvolvimento do país, à extensão da oferta, o aumento do percentual de engajamento na escola da população em idade escolar, e as incertezas futuras que marcam esta época vêm pressionando o conjunto do sistema educacional a rever objetivos e prioridades, bem como à busca da melhoria da qualidade de ensino.
O tema “qualidade de ensino” encontra ampla discussão, com múltiplas aproximações que refletem ideologias, concepções e expectativas distintas. Uma forma de clarear um pouco mais esse tema é considerar os objetivos que se coloca à educação.
Uma formulação para a qualidade de ensino seria que “Uma escola de qualidade é aquela que estimula o desenvolvimento das capacidades cognitivas, sociais, afetivas e morais dos alunos, contribui para a participação e a satisfação da comunidade educativa, promove o desenvolvimento profissional dos docentes e influi com sua oferta educativa em seu ambiente social. Uma escola de qualidade leva em conta as características de seus alunos e de seu meio social. Um sistema educacional de qualidade favorece o funcionamento desse tipo de escolas e apóia particularmente aquelas que escolarizam alunos com necessidades educativas especiais ou que estão situados em zonas socialmente ou culturalmente desfavorecidas. “(Alvaro Marchesi & Elena Martín, Qualidade de Ensino em Tempos de Mudança, Artmed, Porto Alegre: 2003, p. 22).
Desta formulação depreende-se que a qualidade de ensino decorre de um conjunto de fatores, com dimensões múltiplas, que compreendem as pessoas e suas ações (estudantes, professores, administradores, etc.), o ambiente, incluindo a infra-estrutura física (interno e externo à escola) e o sistema (educacional, social, político) a que pertence a escola.
Assim, a melhoria da qualidade de ensino deve entendida como a atuação no conjunto, maior ou menor, desses fatores, buscando-se alcançar os objetivos educacionais. Deve-se ressaltar que as escolas, ou os sistemas escolares podem ser mais eficientes em uns e menos em outros desses fatores, distintamente umas das outras, refletindo características locais ou regionais.
No tocante ao xadrez estão explicitamente envolvidas os seguintes aspectos:• desenvolvimento de capacidades cognitivas, sociais, afetivas e morais dos estudantes;• desenvolvimento profissional dos professores e envolvimento no trabalho;• inclusão social.
O jogo de xadrez tem sido muito utilizado em estudos sobre os processos de cognição humana, desde os clássicos estudos de Binet (Alfred Binet, Psychologie des Grands Calculateurs et Joueurs d’Echecs, Hachette, Paris: 1894 e Alfred Binet,. Mnemonic Virtuosity: - A Study of Chess Players, Genetic Psychology Monographs, 74,127–162, 1996 traduzido de Revue des Deux Mondes, 117, 826–859, 1893) que deram subsídios à elaboração dos conhecidos testes de QI no início do século XX, até as teorias mais modernas sobre a memória, no campo da psicologia cognitiva, (Fernand Gobet, Expert Memory – A Comparation of Four Theories em Cognition 66, p. 115–152, Elsevier, Amsterdam:1998), a aprendizagem (National Research Council, How People Learn – Brain, Mind, Experience and School, National Academy Press, Washington: 2000, p. 31-36, 43) e processos neurocognitivos (Michael Atherton , Jiancheng Zhuang , William M. Bart , Xiaoping Hu , Sheng He, A functional MRI study of high-level cognition. I. The game of chess em Cognitive Brain Research 16, 26-31, Elsevier, Amsterdan: 2003).
Muitos professores utilizam o xadrez como instrumento para trabalhar as capacidades relacionadas ao pensamento crítico, como auxiliar ao “aprender a pensar” que é mais importante do que aprender soluções de problemas específicos (Robert Ferguson,Teaching the Fourth "R" – Reasoning -Through Chess, sumário, United States Chess Federation, New Windsor: 1995). Para muitos jovens, o xadrez apresenta um potencial de auto-motivação bastante grande o que, nestes casos, favorece a utilização de processos mentais de alta abstração, que são próprios da prática desse esporte.Durante uma partida, o jogador deve estabelecer um plano estratégico e operações táticas ao longo da mesma. Isto requer do mesmo não apenas a verificação de conhecimento anterior (recuperação de informações da memória) como a realização de uma verificação sistemática de possíveis combinações de lances, com o julgamento contínuo de cada situação resultante, em termos dos vários elementos do jogo (material e posicional). Deve, então tomar decisões, escolhendo alternativas que levem ao sucesso, dentro das finalidades do jogo.
A atividade enxadrística realizada no contexto educacional permite trabalhar a melhoria da auto-estima dos estudantes, visto que a sua iniciação não requer pré-requisitos (características físicas, sociais, etc.) e é acessível aos estudantes situados em qualquer altura da grade escolar. No ambiente escolar as atividades são planejadas por séries, permitindo igual envolvimento dos estudantes, mesmo que apresentem dificuldades ou defasagem de aprendizagem em disciplinas curriculares, podendo servir como elemento motivador para a superação das mesmas.
Já as características de socialização, advindas da prática do xadrez, são comuns ao conjunto de atividades lúdicas e das práticas esportivas educacionais, já de muito conhecidas pelos educadores e se expandem por não conhecer as limitações físicas destes. Elas se encontram dentro de um conjunto maior de atividades que favorecem o desenvolvimento social (artes em geral, festividades, serviços da comunidade local, etc.).
Quanto aos professores brasileiros do ensino básico, observa-se uma forte tendência de engajamento nos programas de capacitação e aperfeiçoamento profissional e iniciativas, com ou sem apoio do poder público, inovadoras do ensino, procurando a superação das condições adversas e a diversidade sócio-cultural da população atendida pela escola.(INEP-MEC, Estatísticas dos Professores no Brasil, Brasília: 2003, p. 38-41)
Como apontado, a motivação dos professores com respeito ao seu trabalho e a expectativa de novos rumos e do sucesso dos alunos sob sua responsabilidade são componentes importantes da qualidade do ensino.
A iniciativa inovadora nas práticas pedagógicas tem se apresentado de várias formas; a abordagem criativa de temas tradicionais, projetos interdisciplinares, temas transdisciplinares, a incorporação de tecnologias como ferramentas auxiliares ao ensino, etc.Experiências foram observada no desenvolvimento do Projeto de Xadrez Escolar realizado pela Secretaria de Educação do Paraná desde 1980, que demonstram o potencial do xadrez como ferramenta pedagógica de apoio ao ensino das diversas disciplinas curriculares abordadas.
A questão da ação em direção à maior inclusão social de alunos em regiões desfavorecidas social e culturalmente pretende ser atingida pela vertente da manutenção, nos espaços de tempo ociosos da escola, das atividades de xadrez. O fato de possibilitar a permanência do estudante na escola, no contra-turno, envolvido com uma atividade extra-curricular é um ganho certo em seu desenvolvimento escolar, contribuindo diretamente para a diminuição significativa da exposição a situações de risco do meio urbano em que vive.
A ampliação da permanência dos estudantes no espaço escolar vem de encontro ao preceituado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação no que diz respeito ao ensino fundamental. Este aumento da permanência, que visa melhorar a qualidade de ensino, tem sido implementado justamente pela incorporação de atividades extra-curriculares, como a prática esportiva, artes em geral bem como ações da comunidade, todas elas, conforme já mencionado, com papel relevante no processo educacional.
No Paraná começamos o Ensino do Xadrez nas Escolas Públicas em 1980 e hoje contamos com mais de mil escolas estaduais com a oferta do ensino, tanto em aulas especificas como através de conteúdos transversais. Neste processo desenvolvemos recursos e metodologias que nos permitem atender, com qualidade, a mais de 300 mil escolares com custo inferior a um real por aluno.
O objetivo dos Ministérios da Educação e do Esporte de levar o xadrez a 20 mil escolas e 3 milhões de escolares nos próximos anos só pode ser realizado agregando parceiros de peso tanto no setor público como no privado. Os poderes públicos locais da área da educação e do esporte, municipal ou estadual, são parceiros obrigatórios enquanto o setor privado entrará sempre como facilitador e potencializador do processo.
Os primeiros passos já estão sendo dados através do Projeto Piloto, que está implantado em 5 estados: PE, PI, AC, MS e MG. São 250 escolas atendendo a quase 30 mil escolares e sua avaliação, prevista para terminar no próximo mês de julho, dará a forma definitiva deste projeto, mas já estão claros alguns aspectos importantes que integrarão sua expansão futura.
O primeiro é a relevância que necessita ser dada as características educacionais da região atendida e à capacitação dos docentes do ensino básico. Esta capacitação, por questões econômicas e de sustentabilidade, deve ser a mais descentralizada possível, seu aperfeiçoamento e acompanhamento serão à distância. Neste aspecto é fundamental o trabalho da Universidade Federal do Paraná, através do Centro de Capacitação Científica e Software Livre, no desenvolvimento mundial dos Servidores de Xadrez e na manutenção de um específico para o projeto.
A segunda é desenvolver, produzir e distribuir material instrucional de apoio de qualidade, tanto para docentes como para os alunos. Neste aspecto a importância da colaboração da comunidade enxadrística e pedagógica na elaboração do material e do serviço público na produção e distribuição é muito grande já que este material não está disponível no mercado.
Por último deve-se manter atividades motivadoras que realcem os aspectos lúdicos, criativos e éticos evitando excessos competitivos.
As dificuldades encontradas são importantes, mas não determinantes e o sucesso do Projeto Nacional depende mais da compreensão dos pedagogos de suas possibilidades que de limites econômicos ou políticos. Como este esclarecimento vem ocorrendo de maneira positiva, como demonstra o número de estados e municípios interessados em participar da próxima fase, acredito que em menos de uma década a prática do xadrez escolar nas escolas públicas brasileiras será corriqueira.
GM Jaime Sunye NetoCoordenador do Projeto Nacional de Xadrez Escolar

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Daniel Bray - Campeão Absoluto de Leiria

































Nas excelentes instalações da Casa da Cultura de S. Martinho do Porto, disputou-se a prova rainha do Distrito de Leiria. Foram três dias de sã camaradagem, naquela maravilhosa povoação!



O jovem Daniel Bray (Sport Operário Marinhense) está de parabéns pois é (pela segunda vez) Campeão Distrital Absoluto de Leiria da presente época 2010/11, vencendo todas as partidas. Tinha sido Campeão pela primeira vez na época 2008/9 apenas com quinze anos.
Assim a classificação dos doze primeiros ficou assim ordenada:1º - Daniel Bray (Sport Operário Marinhense) - 6 pontos em 6 possíveis, 2º - José Bray (Sport Operário Marinhense) - 4,5 pontos, 3º - José Lopes (Xeque Mate S. Martinho Porto/CC SM Porto) - 3,5 pontos, 4º - José Cavadas (Academia Xadrez Benedita) -3,5 pontos, 5º - Rui Rogado (Academia Xadrez Bombarral/CCMB) - 3,5 pontos, 6º - Ricardo Oliveira (Sport Operário Marinhense) - 3 pontos, 7º - João Silva (Xeque Mate S. Martinho Porto/CC SM Porto) - 3 pontos, 8º - Mário Dores (Academia Xadrez Benedita) - 3 pontos, 9º - Tomás Gomes (Xeque Mate S. Martinho Porto) - 2 pontos, 10º - Eustácio Justiniano ( Xeque Mate S. Martinho Porto) - 2 pontos, 11º - Tomás Oliveira (Academia Xadrez Benedita) - 2 pontos, 12º - Rodolfo Silva (Xeque Mate S. Martinho Porto) - 2 pontos
Curiosamente em segundo lugar ficou o treinador do campeão.

domingo, 5 de junho de 2011

Xadrez - Abaixo os truques e a malandrice

Sempre imaginei o Xadrez, como ciência, arte e desporto, para muitos (onde me incluo), uma filosofia e para alguns, uma (quase) religião. Sempre considerei o Xadrez uma escola de valores, formador de homens, portanto muito útil aos jovens no seu crescimento como seres humanos úteis à sociedade.
Aprendi a jogar já adulto em ambiente de elevada educação e são desportivismo. Ensinaram-me a aceitar a derrota, mas também a saber vencer, como faces da mesma moeda. Ambas supérfluas e passageiras, ambas mentirosas.
O Xadrez é um jogo democrático, em que ninguém tira a vez a ninguém. No Xadrez todos têm oportunidades iguais, no Xadrez não há batota.
Mas! Há sempre um mas, razão deste meu texto.
Como todos podem comprovar, actualmente as coisas não são bem como pensava e sonhava. Há cerca de dez/quinze anos, uma parte dos treinadores, monitores e seccionistas deste país, começou a implementar uma filosofia muito própria. Desenrascar por qualquer maneira, mesmo ilícita ou por truque legal extra jogo.
Esses responsáveis, que felizmente não são todos como é óbvio, estão a prejudicar o desenvolvimento dos jovens. Antes de aprender a jogar, a miudagem aprende todas as malandrices possíveis. Não vou enumerar todos os truques, a lista é longa e todos nós sabemos quais são e muitos já foram vítimas dos mesmos.
Todos têm de saber defender-se, claro que sim! O que peço é que os miúdos aprendam primeiro a jogar. Compreendam que perder e ganhar faz parte do jogo e respeitar o adversário é regra importante.
Responsáveis tenham calma com os vossos jovens, as partidas ganham-se, empatam-se ou perdem-se no tabuleiro e só aí! Não façam do Xadrez uma selva!

O meu Clube vai a votos!

O meu amado Clube vai a votos! Amanhã há eleições, eu sou o senhor Habitual, porque sou o homem da mesa de assembleia-geral por sistema, tantas vezes que já nem sei contar.
O meu amado Clube sofre uma crise sem precedentes, por essa razão a Direcção eleita democraticamente demitiu-se por não encontrar consenso para ultrapassar as dificuldades. O presidente cessante, senhor Esperto sentiu-se impotente para governar o meu amado Clube.
O meu amado Clube não tem dinheiro, desceu de divisão por não cumprir os regulamentos, não ganha nada nem a feijões! Mas curiosamente apareceram diversas candidaturas a um osso que já não tem carne. Entre eles o senhor Esperto, o tal que não tinha condições para governar. Temos outro candidato forte, o senhor Vivaço, que reconhecendo a falência do meu e seu amado Clube, está disposto a tomar conta do barco. Depois temos mais dois candidatos, o senhor Miúdo e o senhor Velho, um atrasado, outro ultrapassado.
Vai ser uma luta muito interessante, devido há falta de argumentos de todos os candidatos. Segundo sei o senhor Esperto e o senhor Vivaço, vão apresentar o mesmo projecto, só mudando a cor do papel. Os outros dois como é para perder, não querem gastar papel nem tinta, um vai rir o outro vai chorar.
Por sua vez os sócios estão tão optimistas que já decidiram não aparecer para votar, eles sabem que mesmo que as moscas mudem a trampa é a mesma.
Já viram a minha situação? O meu amado Clube vai a votos e todos sabemos que não há votos para contar. Espero pelo menos a presença do secretário da mesa, para podermos cavaquear e dizer mal dos candidatos que segundo parece vão para a praia.

sábado, 4 de junho de 2011

Xadrez - VI Festival da Lourinhã

Carlos Baptista (o Indomável) é o responsável por algo muito bem organizado! Isto num país com pouca sensibilidade para a arte de Caissa é de louvar e aplaudir. Os Encontros de Xadrez da Lourinhã, seis foram realizados, são do melhor que se faz em Portugal na área do xadrez, modalidade tão esquecida pelo Poder Central.

Sempre tive uma atracção pela Lourinhã, a povoação caiu-me no goto há muito tempo. Vou ao Festival há quatro anos e lamento não ter ido a todas as edições, no futuro enquanto puder não vou faltar.

Nestes Encontros de dois dias há de tudo, dois torneios sendo um para jovens, simultâneas, conferências, exposições. Muito convívio e espírito desportivo de realçar! Todos os anos há um mestre convidado que prestigia o xadrez e a organização, eles aqui estão por ordem de presença; Igor Glek, Luis Galego, António Fróis, Joaquim Durão, Luís Santos e Sérgio Rocha.

Este ano, foi o máximo com o lançamento de um livro de xadrez do mestre Luís Santos, a partir da página que o mestre publicava na Capital. Um excelente trabalho da organização!

A Câmara Municipal da Lourinhã como patrocinadora destes Encontros está de parabéns e o xadrez agradecido pelos eventos! Cada vez gosto mais da Lourinhã!A organização é de alto nível, até para quem entra na povoação tem indicações do local. As inscrições são simbólicas e a comida excelente! A filosofia de prémios deslumbra o mais exigente, é em géneros, livros e material de xadrez. Muito bem pensado!

Todos sabem que sou muito exigente! Estou encantado! Amantes do xadrez venham à Lourinhã no próximo ano!

Mas o grande homem destes encontros é sem dúvida o Carlos Manuel Maximiano Baptista (o Indomável), que me perdoe alguém para quem esteja a ser injusto. Dá muito trabalho e dor de cabeça, criar uma obra destas, só ele! Obrigado amigo e não desistas!

José Bray


sábado, 30 de abril de 2011

Júlio Freire - 90 dias de Aljube!

O meu sogro foi uma personagem fascinante, não resisto ao desejo de falar da sua pessoa. Mais vezes o irei fazer! Será uma forma de homenagear a sua memória! Bray


Júlio Freire – O Aljube
Maio de mil novecentos e cinquenta e oito, eleições para a Presidência da República, Américo Tomas candidato do regime, Humberto Delgado candidato da oposição.
Era sábado, vésperas de eleições. Eleições? Não me façam rir, era tudo uma fantochada naquele tempo não havia essa coisa na política nacional, talvez houvesse em alguns clubes mas não no governo. Era Salazar, outra vez Salazar, sempre Salazar e quem ele lá metia para servirem de lacaios e de capacho. Na porta da padaria do Júlio Freire, o próprio mais alguns homens de meia-idade trocavam opiniões, falando um pouco de tudo, mas no acto do dia seguinte nem pensar, era preciso cuidado com os bufos. Um dos temas de conversa era a ida às sortes de alguns filhos dos presentes e de alguns ausentes, eles até estavam à espera da camioneta que havia de trazer os mancebos de volta.
Em dada altura, passou no sentido do cemitério o jipe da Guarda Nacional Republicana, que de republicana nada tinha, uns infelizes que para fugirem ao trabalho do campo tinham vendido a alma ao diabo, ganhando uma miséria, deslocados para longe de casa alimentando-se de pão e enchidos, desenvolvendo cancro no estômago devido a esse disparate alimentício. O Joaquim, um dos presente, disse entre dentes, filhos da puta!
Passados que foram quinze minutos o jipe voltou, parou junto do pequeno ajuntamento, os militares saltaram para fora com as ultrapassadas espingardas, sim, iguais às que assassinaram Catarina Eufémia que tinha um filho ao colo e outro no ventre. O mais graduado fazendo cara de mau e voz grossa, disse. Júlio Freire e Joaquim Mendrico, estão presos, entrem no jipe. E lá foram conforme estavam, o padeiro embora estando à sua porta não pôde mudar de roupa, foi obrigado a levar o casaco roto que usava na pesca. Ficaram os familiares em grande sofrimento e cheios de pânico.
Que se passava? Salazar, quis tirar de circulação todos os democráticos deste país, por isso a cena repetiu-se por todo o Portugal. Com esta prepotência atingiu dois objectivos, menos votos para a oposição e amedrontar os restantes. As prisões foram tantas que os PIDES e os bufos não chegaram para as encomendas, foi preciso a Guarda Nacional República e a Legião Portuguesa actuarem em força também!
Os dois companheiros de infortúnio foram levados para o posto da GNR na capital do distrito e sem quaisquer condições lá permaneceram até segunda-feira. Má cama, má comida, mau trato, a sorte (ironia) foi ser Maio, o tempo estava quente! Nesse dia um PIDE veio levantar os homens e de comboio seguiram para Lisboa, destino o Aljube. Alguém da terra os viu na estação e pensou que o destino era a aldeia de ambos, a notícia correu célere, as famílias ficaram ricas de esperança, mas era boato, o regresso aconteceu só passados noventa dias.
Júlio Freire e Joaquim de alcunha Canca, eram na verdade dois democratas de esquerda, um mais radical que o outro, mas homens honrados. O primeiro era mais pacífico no trato, mais tímido, o segundo não, era um revolucionário ardente sempre reagindo, por isso iria levar umas porradas enquanto esteve na prisão. Os dois homens sempre pensaram que após as eleições seriam soltos mas não, a viagem para a capital foi um choque para eles.
Nesta saga aconteceram algumas histórias dramáticas, mas também aconteceram algumas com graça no meio da desgraça! Vou contar uma que tem espírito.
Ao chegar ao Aljube, separaram o Freire do companheiro, começando a dança do terror. Edifício de pedra muito velho, portas de ferro pesadonas e rangedoras, lembravam os sons das prisões da Inquisição, escuridão e humidade. Tudo para atrofiar o mais valente. Por fim, lá instalaram o pobre padeiro na cela com pouca luz e com dois catres. Nessa altura, o Júlio Freire já perdera a força anímica entrando em depressão, perdeu a resistência e a esperança, sentado na enxerga começou a chorar convulsivamente! Com o sofrimento não reparou que ao fundo já lá estava outro preso. Foi então que ouviu uma voz triste com acentuado sotaque alentejano. Olhou, na outra cama um homem lia um papel.
-- Senhor Júlio não desanime porque hão-de vir melhores dias, pense na sua família, pense na sua filha que ainda precisa de si!
--Homem, você é bruxo ou foi posto aqui para me espiar? -- Assim inquiriu o Freire.
--O senhor não se aborreça porque isto foi a uma carta que eu escrevi a mim mesmo.
--Então como é que o senhor sabe que me chamo Júlio, e tenho uma filha? -- Voltou o padeiro a argumentar.
--Mas meu senhor, chamo-me Júlio e tenho uma filha! Fui eu que escrevi esta carta que estou a ler para me animar!
Os dois homens, olharam um para o outro, primeiro com desconfiança, depois riram com satisfação aliviando por algum tempo a pressão da cadeia.
José Bray -22/10/2010

segunda-feira, 28 de março de 2011

Filarmónica da Ermegeira - Parabéns!






A Banda da Ermegeira fez anos, cento e vinte nove a tocar! Já vem do tempo de D. Luís, rei culto que fomentou o nascimento de filarmónicas por todo o país! Meus amigos, tentem situarem-se nessa época e pensem na importância dessas medidas do rei, comparem os tempos e as tecnologias. Os nossos actuais governantes deviam colocar os olhos no exemplo de D. Luís. Mas mudemos a bússola...

Como não não podia deixar de ser fui ao concerto comemorativo, gostei do que ouvi e vi! Cerca de quarenta músicos, sendo um terço raparigas. Tudo muito afinado e superiormente dirigido pelo Maestro Álvaro Reis. Este responsável tem dedicado a sua vida à Banda e inclusive tem excelentes composições, por exemplo, "O Parque da Várzea". Logo que posso colocarei essa marcha neste Blog.

Após o concerto foi servido um farto beberete, gratuito, serviu para conversar com familiares e amigos, seguiu-se uma a sessão de fotografias, projectadas em ecrã e recordou-se, tios e primos já desaparecidos.

O meu avoengo Silvério Pedro da Roza Bray (junto foto) foi um dos fundadores, outro Silvério (junto foto) seu neto e meu padrinho, foi o músico com mais tempo de banda, mais de setenta anos. Conta-se que em França a banda só pôde contar com um trombone, o padrinho sozinho fez o trabalho todo e foi um show. Houve uma altura em que os Bray enchiam a banda! Hoje não!

Contaram-me uma terceira versão sobre o nascimento da Banda, mas fica para outra altura. Entretanto juntos três fotos da Filarmónica de épocas diferentes, fundação, anos cinquenta e actual.

Povo da Ermegeira, ajudem e acarinhem a vossa Banda, se ela acabar a alma da aldeia também morrerá!

Gostei muito e na próxima lá estarei!

Ermegeira - A Banda e o Futebol

Na minha aldeia há um conflito que divide a população. Penso que isto acontece em todos os burgos deste nosso conturbado planeta. Mas a estória da minha terra é minha preocupação e por isso estou a escrever sobre ela!

Os meus amigos lembram-se dos filmes italianos de humor dos anos cinquenta e sessenta que contavam a estória do conflito entre D. Camilo e Pepone? O pároco e o político comunista, numa pequena aldeia da Itália no após guerra, protagonizam cenas hilariantes através dos seus conflitos, mas no fim amigos trabalhando para o bem comum!

Costume dizer na brincadeira que na minha terra há os Bray e os restantes são primos. Quero dizer que somos todos ao fim e ao cabo uma família.

A coisa mais importante da aldeia é a banda filarmónica fundada em 1882, entretanto mas muito mais recente criou-se o chamado clube da bola. Um dia, não há muitos anos, aconteceu algo que os dividiu. Não vou falar das várias versões desse conflito que me foram contadas, nem vou fazer juízo de valores, não sei quem tem razão, nem sei se alguém a terá!

Mas uma coisa é certa, sei que a aldeia se dividiu, pior, dividiu os amigos e dividiu as famílias! Pergunto aos habitantes da Ermegeira. Não acham isso um disparate? Não acham que o interesse da aldeia é mais importante que as guerras de capoeira?

No D. Camilo e Peppone os conflitos com humor eram construtivos, na minha aldeia não, são estupidamente crispados!

Tenho familiares queridos nos dois lados, não tomei qualquer partido como é óbvio, quero sim que todos se dêem bem e sejam felizes!

Se precisarem da minha humilde colaboração, estarei disponível para ajudar a sanar este imbróglio.

Povo da Ermegeira, tenham bom senso!

sábado, 26 de março de 2011

Carlos Bray - Um homem bom!

O meu primo Carlos Bray está bastante doente, felizmemente está recuperando! Vou transcrever uma intrevista feita há alguns anos e que mostra o carácter deste Bray! Esta é uma homenagem que lhe presto com desejo de rápida recuperação!
José Bray 26/03/2011

Na rectaguarda da guerra!
Enfermeiro Carlos Bray

Cruzou-se com centenas de combatentes que voltaram
Da guerra marcados pela violência do conflito.
No HMP tratou doentes e apoiou famílias e supriu uma
Falta grave no campo psicológico que naqueles tempos
Era a dura realidade. Uma história de amor ao próximo,
Na dedicação de uma vida.
O ELO procurou-o e foi encontrá-lo em Constância.
Empresário no ramo da indústria Hoteleira, o antigo enfermeiro Carlos Bray estava em casa doente mas não quis que o repórter perdesse a viagem. Depois da recruta em Leiria e a especialidade em Coimbra, Carlos Bray chega ao Hospital Militar Principal em Janeiro de 1970, como 1º Cabo enfermeiro, esperava ir para o Ultramar, mas a boa nota que conseguiu na especialidade manteve-o na retaguarda da guerra. No HMP o nosso enfermeiro passou pela cirurgia de sargentos e praças, serviço de sangue, cirurgia plástica, vacinação a batalhões e companhias de militares mobilizados, fez o que qualquer enfermeiro deveria fazer mas, o que o tornou mais conhecido foi o seu lado humano. Carlos Bray tornou-se uma pessoa estimada por todos, doentes, colegas e médicos. As chefias chegaram a tecer-lhe elogios por escrito. Sempre disposto a desenrascar um amigo, nunca virou as costas a um doente. O Bray não era só o enfermeiro, foi também o amigo e até fazia de psicólogo e de assistente social, funções ali inexistentes na época. “Animava os doentes, encorajava as famílias no primeiro embate de verem pela primeira vez um parente cego ou amputado”. Sempre sensibilizado com a situação dos doentes, sobretudo daqueles que ali permaneciam em plena solidão pela impossibilidade das famílias se deslocarem ao hospital, uns pela distância, outros por problemas financeiros, em alturas do Natal ou da Páscoa, o enfermeiro Bray chegou a convidar alguns para irem passara quadra em família em sua casa. Carlos Bray ainda hoje traz na memória a imagem desses homens estropiados na flor da idade e confessou ao ELO que houve um que o marcou bastante: “o Sampaio”. Ainda hoje se recorda que ele não quis ir passar o Natal com ele e a sua família, por estar cego e sem braços e porque não quis dar trabalho a ninguém. Contou-nos também uma outra estória que não esqueceu, um guineense, chegado ao hospital crivado de balas, pediu a Carlos para lhe escrever uma carta. O enfermeiro, sempre com a boa vontade que lhe era característica, muniu-se de papel e caneta e ia escrevendo o que o homem lhe ditava. Terminada a missiva, o “pinga amor” quis repetir a dose e ditou mais 30 cartas para outras tantas mulheres que tinha deixado na Guiné, refere o enfermeiro. Quando saiu da tropa, depois de cumpridos rigorosamente três anos, empregou-se em Lisboa, mas o ex-enfermeiro ainda não estava curado da preocupação constante com os seus doentes e quando saía do emprego, comprava frangos e batatas fritas e ia levar-lhes o jantar ao hospital. Carlos Bray fez muitos amigos, a quem foi perdendo o rasto devido às circunstâncias da vida e hoje interroga-se, “o que será feito desses homens? Como se fizeram à vida? Estes homens merecem uma atenção do Governo, um apoio moral e material, “para eles e para os filhos,” porque os mutilaram em defesa da Pátria”. E vai lembrando que, lá dizia o poeta:
“A Pátria honrai que a Pátria vos contempla.”
O Bray está convidado para vir à ADFA numa das nossas comemorações altura em que certamente irá encontrar muitos dos seus antigos doentes. _
Texto e foto: Farinho Lopes

sexta-feira, 11 de março de 2011

27º Open de Xadrez de Cappelle la Grande

Uma delegação de Leiria deslocou-se a Cappelle la Grande – Dunkerque - França, para participar no 27 Torneio Internacional de Xadrez. José Bray, Daniel Bray, Carlos Baptista e Carlos Dias, todos com objectivos bem distintos, Daniel para aprender, Dias para trabalhar como árbitro, os outros para ver e fazer xadrez lúdico.
A viagem foi uma autêntica saga, desde perder o avião para Bruxelas até às dormidas e à alimentação, tudo para esquecer. A juntar a isto o frio e a falta de assistência da organização aos participantes pagantes e à gripe que José Bray e Baptista padeceram.
Na verdade é um Torneio com quase seiscentos participantes e uma força de jogo tremenda. Tudo isto pode ser analisado nos Sites da modalidade. Parte dos jogadores são convidados com tudo pago e os GM ainda recebem para estarem presentes. Até aqui tudo bem, têm dinheiro para isso, façam-no. Depois há os pagantes e não custa pouco, estes são jogadores de segunda e tratados como tal. É pena a organização pensar assim! Nós sentimos na pele.
Na minha opinião é uma Torneio megalómano, organizado por uma família numa povoação sem beleza nem atractivos, por isso Dunkerque é o centro de tudo! A alimentação em cantina é cara e não presta, embora os voluntários fossem bastante simpáticos.
Daniel Bray fez uma prova excelente jogando com seis xadrezistas acima do seu elo, venceu um de 2200 e tinha superioridade não consumada com um jogador de 2200 e outro de 2400. Bray e Baptista doentes não puderam fazer melhor. Carlos Dias foi um árbitro de classe.
Meus amigos, resumindo, não aconselho ninguém a ir ao Torneio de Cappelle la Grande, é grande mas não é grande coisa. Mas se forem convidados com tudo pago aceitem mas não levem companhia pois é uma grande seca.
Cappelle la Grande como organização é um bluff.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Regresso à Montanha Mágica

0 – Introdução
Vamos regressar à Montanha Mágica. Vamos voltar aos nossos amigos. O velho Sábio que inventou o xadrez e sua cadela Morgana, o herói capitão Valente e seu cavalo, príncipe Branco, príncipe Preto, o rei da cidade Branca, o rei da cidade Preta, o Dragão. Vamos conhecer a Bruxa má, principal inimiga do Sábio. Vai aparecer a bela Caissa neta do Velho da montanha e deusa do xadrez.
No primeiro trabalho, intitulado “A INVENÇÃO DO XADREZ”, escrito em mil novecentos e noventa, havia uma ligação entre o mundo real e outro mundo, do tempo sem tempo.
Neste segundo texto, vamos começar a ter uma ideia da geografia desse mundo mágico, ainda sem uma designação específica. Na primeira história, praticamente tudo gira á volta da Montanha Mágica. É feita uma narração contada na actualidade dum passado longínquo mas não codificado, pode ter sido há mil anos, dois, ou três ou simplesmente noutra dimensão ou noutro planeta. Neste segundo trabalho o tempo é intemporal. Mas a acção é toda no momento da narração.
Aqui já se dá mais ênfase ao bosque, já se fala um pouco dos rios, também do oceano Fantasia. Contudo a montanha continua a ser o centro da acção, e o epicentro da geografia da região. A montanha faz parte de uma cordilheira, mas tudo se confunde nas suas dimensões. No lado ocidental temos na parte norte o imenso bosque que se estende até ao oceano, na parte sul temos grandes e misteriosas florestas. Mas que há lá muito para o sul? As montanhas nunca acabam? Ou serão contornadas por mais florestas? Mistério… E para leste das montanhas o que há? Mistério…
Muitos outros mistérios se escondem. O feiticeiro saberá? Mistério…E povos, não haverá? Mistério…
Em futuras narrativas talvez se vão descobrindo alguns mistérios, os atrás referidos, ou outros segredos.
Será que o mundo actual conseguirá com a magia do xadrez contactar esse mundo fantástico?
Penso que sim, que iremos conseguir uma ponte imaginária, tipo arco-íris que nos levará até aos festivais de xadrez. Pensamos que o sábio da montanha mágica poderá dar uma ajuda.
Tenho sempre o recurso de tentar estabelecer contacto com a deusa Cássia.
Uma deusa Celta disse-me um dia, era eu criança, que havia por Avalon uma forma de chegar à Montanha Mágica.
Em qualquer das formas vou continuar a investigar.

I – O Festival
No sopé da montanha mágica, existe um extenso bosque de rara beleza. Ninguém sabe calcular a sua dimensão. Para sul é imenso, liga com uma densa floresta que vai até ao fim do mundo conhecido, para além desses limites só alguns viajantes mais aventureiros têm coragem para penetrar. O bosque liga a norte e a leste com a montanha. A oeste fica o oceano da Fantasia, nele desaguam inúmeros rios que correm das montanhas, floresta e do bosque, entre eles o rio Mágico que vem de longínqua floresta, percorre o sopé da montanha, e junta-se no bosque ao rio Real. Só o sábio da Montanha Mágica sabe aonde nasce este rio.
O bosque é na verdade muito belo, árvores de grande porte abundam por todo lado, plátanos, castanheiros, pinheiros manso rubras acácias, junto aos riachos salgueiros e chorões. Flores por todo o lado, de todas as cores e feitios. Amarelas, brancas, vermelhas e azuis, são predominantes, mas há muito mais, dezenas e dezenas. Verde, há de todos os tons. A passarada é impressionante, há centenas de espécies, por todos os galhos e arbustos, transformando o bosque num imenso concerto, que começa no raiar do dia e só acaba noite escura. As abelhas, besouros e cigarras fazem acompanhamento e o vento de tempos a tempos, também dá uma ajuda, umas vezes em brisa ligeira, outras com forte ventania. As árvores de fruta abundam com seus frutos saborosos e refrescantes. Por todo o lado se vêm animais a correr e a esconderem-se quando necessário. Os que mais se vêm são os coelhos, lebres, ratos do campo, doninhas, raposas, esquilos, cobras, lagartos, aves de rapina e muitas outras espécies. No bosque, nascem, vivem e morrem em harmonia com a natureza. Nos lagos, rios, ribeiros e riachos, de águas límpidas, abundam todo o tipo de peixe. Animais ferozes, ursos, lobos e dragões, vivem nos planaltos da montanha mágica. Raramente descem ao bosque, muitas vezes vão para a densa e misteriosa floresta.
Enfim… Um paraíso deslumbrante, a condizer com a magia da vasta região.
No bosque existem muitas clareiras, mas há uma que é especial, rodeada de árvores milenárias, que dão sombra todo ano. A clareira é ampla com cerca de cem passos de diâmetro. O espaço livre está todo alcatifado com relva curta verde e sempre fresca. Num dos extremos passa o rio Real que fornece água às duas cidades. Logo a seguir à grande clareira o rio bifurca em dois, um segue para norte para o reino das Pretas, o outro segue para sul para o país das Brancas. As duas cidades ficam distanciadas cerca de dez horas a trote de cavalo.
Neste cenário, todos os anos, os jovens das duas cidades, juntam-se por duas vezes para conviver e jogar os mais variados torneios de xadrez. Durante quinze dias os meninos e as meninas dos dois reinos estão acampados na clareira do bosque. A rivalidade é enorme, travam-se tremendas batalhas nos tabuleiros. Mas tudo acaba sempre em bem. Aproveitam para conviverem, angariar novas amizades, muitos amores iniciam-se durante estes festivais. Os jovens das duas cidades, têm em comum uma coisa fundamental, o amor e paixão que dedicam ao xadrez.
No ano desta narração o acampamento recebeu duas centenas de jovens. Naquela rapaziada há bons jogadores, mas os dois mais fortes são os príncipes da cidade Branca e da cidade Preta. Durante o festival disputaram-se todo o tipo de provas, rápidas, semi-rápidas e lentas. No torneio principal a luta foi renhida e os dois príncipes acabaram empatados, ficando a decisão para o próximo festival.
No fim das provas fizeram-se cursos temáticos e por fim um seminário. Levantaram-se algumas dúvidas às quais ninguém deu solução, incluindo os dois campeões. Uma questão relacionava-se com o final de Bispo contra Cavalo, uma outra, era o final de Bispo de casas de uma cor contra Bispo de casas da mesma cor, outra questão era, Bispos de cor oposta As opiniões divergiram e não chegaram a nenhuma conclusão. Depois de muita discussão, no bom sentido como é evidente, o assunto ficou em aberto.
Os dois príncipes que eram muito amigos, decidiram! E assim falaram. – Vamos fechar o festival, no princípio da primavera, cá estaremos de novo e nessa altura já teremos as respostas.
Ficou tudo de boca aberta. Mas os dois jovens já tinham um plano em mente. A rapaziada feliz, voltou para as suas cidades para enfrentar mais um ano de estudo, que se avizinhava daí a duas semanas.
Entretanto, os príncipes ficaram na clareira, escreveram aos pais dizendo que iam viajar e que estariam de volta daí a quinze dias para o início das aulas. Na mensagem informaram que iam ter com o Sábio da Montanha Mágica para tirarem algumas dúvidas.
Encheram os alforges de comida e agasalhos. Pegaram nas armas, montaram os cavalos, um branco cor da neve o outro negro como o carvão. Partiram ao nascer do dia, o destino era o topo da Montanha Mágica.
Os rapazes tinham decidido ir visitar o Sábio da montanha, o ancião de barbas brancas que tinha inventado o maravilhoso jogo do xadrez. Iam lá para colocar as diversas questões levantadas durante o festival. Aproveitavam para matar saudades do mágico e da sua cadela Morgana.
Ao partir não faziam a mínima ideia das dificuldades que iriam encontrar. A caminhada era longa com muitos perigos. Inconsciência própria da juventude.

II – A Subida
Os dois cavaleiros sabiam que o caminho era difícil e a caminhada longa, a maior parte seria a subir. A casa do Sábio ficava quase no topo da montanha no monte mais elevado. Ao redor do pequeno castelo, praticamente não havia árvores, pequenos pinheiros nórdicos e alguma vegetação própria dos climas gelados. A neve abundava na maior parte do ano. Nesta altura, felizmente, não era época de gelo. Os rapazes sabiam tudo isto por ouvirem contar, especialmente ao capitão Valente que visitava regularmente o seu velho amigo, fazia isso em quase todas as estações do ano. Havia quem dissesse que ele vivia apaixonado pela neta do inventor do xadrez, Caissa. Esta é a Deusa oficial do xadrez, passava o tempo a percorrer o planeta fazendo a divulgação do jogo e dando assistência aos amantes do xadrez. Raramente estava com o avô e o valente capitão fazia muitas visitas em vão.
Mas voltando aos nossos heróis…O problema é que eles não sabiam com rigor o local da morada do Sábio. Tinham só uma ideia mas um pouco vaga. Partiram na mesma sem pensarem no assunto, ousadia da juventude. Disseram um para o outro. – Lá, no cimo perguntamos às pessoas!..
Não lhes passou pela cabeça que lá em cima não há praticamente ninguém. Há lobos, ursos, dragões, feiticeiras, um ou outro pastor, foragidos da justiça, o velho Sábio e pouco mais.
Os jovens não forçaram os corcéis, caminharam todo o dia a trote, era preciso poupar as energias das montadas. Pararam duas vezes para se alimentarem e descansarem um pouco. Água fresca, boa fruta e pasto, não faltava e os príncipes levavam bastante comida nos alforges.
Quando anoiteceu já tinham atingido uma razoável altitude. A noite ia chegar fria. Avistaram uma pequena gruta e decidiram passar lá essa noite. De imediato juntaram bastante lenha e acenderam uma forte fogueira. Deram ração aos cavalos, os jovens jantaram alimentos que traziam nos sacos de pele. Meteram-se o mais possível dentro da gruta, todos incluindo os animais, reactivaram a fogueira, com as espadas e punhais à mão prepararam-se para dormir. Era preciso estarem atentos para enfrentarem qualquer assaltante, homem ou fera.
Adormeceram… sono inquieto… de repente os cavalos começaram a ficar impacientes. De imediato os rapazes ficaram despertos. – Que se passa? Falou um. – Já sei! São lobos. Respondeu o outro.
Na verdade, rapidamente confirmaram isso. Primeiro, um par de olhos no escuro, depois outro e mais outro. Por fim eram cerca de duas dezenas de lobos prontos a atacar, logo que tivessem uma oportunidade. Só o fogo os intimidava.
Os príncipes eram corajosos, bem constituídos e treinados para combater. Os cavalos também eram valentes. Prepararam-se para vender cara a derrota… O lume e a gruta eram bons aliados! De imediato reagiram. Os rapazes reforçaram o fogo, espada na mão direita e punhal na esquerda, protegidos na retaguarda pela gruta, aguardaram o ataque dos mais audazes. Por sua vez, os equídeos colocaram-se na posição ideal para dar uns eficientes coices.
A tensão era enorme, ninguém pensou mais em descansar. Ia ser uma noite de vigília.
Os lobos rodeavam a entrada da gruta a três quatro metros. Uivavam e faziam uma dança macabra, as vinte feras faziam um velho ritual para darem coragem uns aos outros.
Os príncipes, por sua vez, numa atitude temerária, agrediam verbalmente os bichos, demonstrando não ter medo e para os intimidar. Os cavalos relinchavam para tornar a cena mais patética.
Por fim, uma ou duas horas depois, três lobos avançaram armados em campeões. Dois foram projectados por coices dos cavalos e o terceiro foi ferido de morte por um golpe certeiro de uma das espadas. Afastaram-se gravemente feridos e já moribundos foram de imediato atacados e devorados pela alcateia em peso.
Com isto as coisas acalmaram e pouco a pouco chegou a alvorada vinda do leste. Os lobos já saciados começaram a desandar com que envergonhados.
Os nossos aventureiros, descansaram um pouco. Alimentaram-se com frutos secos e boa água, pura mas fria. Ainda exaustos por uma noite de luta e vigilância, partiram para continuar a sua saga. Agora mais atentos, porque finalmente entenderam que se tinham metido numa alhada e não num simples passeio.

III - Pânico
Entretanto, longe da Montanha Mágica, para lá da clareira do bosque, junto ao oceano da Fantasia, nos respectivos palácios os reis receberam as mensagens dos príncipes a informarem que iam partir para a montanha. Os soberanos ficaram em pânico e de imediato marcaram encontro no vértice das diagonais do rio Real, rio que abastecia as duas cidades. Era este o local em que os dois monarcas se encontravam para tratar de assuntos com interesse para os dois reinos. Uma pequena mas acolhedora estalagem servia de sala de reuniões.
Os dois reis após a última guerra entre os dois reinos, descrita na saga anterior, ”A Invenção do Xadrez”, decidiram que sempre que houvesse qualquer tipo de conflito ou problema, eles de imediato iriam resolver juntos a situação, para esses encontros mandaram construir a meias, a estalagem que ficou situada na fronteira dos dois domínios. A estalagem da Concórdia como ficou designada
Horas depois já estavam reunidos com os seus conselheiros. A montanha era muito perigosa e os rapazes corriam graves perigos. Se conseguissem chegar ao reduto do sábio, ele não os deixava regressar sem segurança. Mas os príncipes não sabiam o local da residência. Para além dos riscos, como lá iam chegar?
Os reis nem precisaram da opinião dos conselheiros, que por sinal em certas matérias eram bastante ignorantes. Só tinham a mania que sabiam tudo… Os soberanos decidiram em consenso! – Chamem o capitão Valente, só ele sabe como funciona a montanha e conhece os melhores caminhos para casa do velho. Era assim que eles travam o feiticeiro, mas diziam isso com carinho.
O capitão apresentou-se de imediato, já esperava ter a honra dessa difícil missão, apareceu montado no seu imponente corcel branco.
Os reis exigiram!..
- Parte e não apareças sem os meninos!
E o herói partiu sem mais delongas.

IV – A Bruxa
Entretanto, na montanha os príncipes continuavam a avançar, sempre subindo. Precisavam de descansar, mas não sabiam onde. Não tardaria a chegar a noite, depois vinha o frio e se os lobos voltassem a aparecer seria muito complicado. E no dia seguinte que plano teriam? Não encontravam alma viva excepto bichos ao longe.
Pararam um pouco para os cavalos recuperarem forças. Olharam em redor, era só rochedos, estavam a tentar encontrar uma gruta em sítio inacessível às feras.
A pé deram uma volta. De repente não muito longe, começaram a ver fumo. Avançaram com cuidado, não fossem estar alguns foragidos à justiça, aí escondidos. Ao virar junto de vários penedos apareceu uma cabana de madeira. À porta estava uma velhinha com muito bom aspecto, com um largo sorriso acenou aos jovens. Estranharam e com alguma prudência foram-se aproximando. Dois rapazes fortes e armados que perigo podia haver?
A cabana ficava junto de uma cascata e tinha um jardim com lindas flores. Coisa estranha naquela altitude…
- Então meninos que fazem por estas paragens? Qual é o vosso destino?
A idosa senhora tinha realmente uma expressão de bondade nos olhos. Os príncipes desarmaram e mais confiantes, falaram.
- Sabe senhora, vamos ao encontro do Sábio da montanha, sabe onde fica a morada dele?
- Claro que sei! Sou muito amiga dele.
Dito isto deu uma risada e os olhos brilharam intensamente. Os rapazes de tão cansados não repararam. Ela continuou.
- Ficam cá esta noite, jantam uma sopinha quente, fazem um bom soninho e amanhã recuperados vão ter com o vosso amigo. Eu ensinarei o caminho, não estejam preocupados.
A noite caiu, escura de breu. A velha apresentou uma sopa de excelente aspecto. Os rapazes comeram e de repente adormeceram como pedras. Os cavalos também foram alimentados com uma erva especial, também eles entraram em sono profundo. Estariam todos excessivamente cansados?
Assim que os príncipes e cavalos adormeceram, a mulher sofreu uma tremenda metamorfose.
Ficou dez vezes mais velha, com aspecto horroroso e maldoso. Era a bruxa má da montanha, Odiava o feiticeiro e a sua neta Caissa. Odiava o jogo de xadrez e queria vingar-se do sábio.
Ela sabia o que queriam os jovens e foi a oportunidade de ajustar velhas contas com o inventor do xadrez e seus amigos. Transformou os rapazes em gatos e os cavalos em porcos. Depois desfez um feitiço, a cabana e o jardim desapareceram, em seu lugar apareceu um inacessível castelo, em estado miserável, escondido no meio dos escuros penhascos, impossível de ser visto excepto do céu. Faziam companhia à velha pequenos monstros alados de pedra, ratazanas, aranhas, vampiros e cobras.

V – O Capitão Valente
Entretanto o capitão Valente começou a cavalgada a partir da grande clareira. Queria apanhar o rasto dos jovens, com facilidade isso aconteceu.
Começou a subir a montanha com desembaraço, sempre atento a todos os sinais e ameaças. Ele era o herói de toda a região, como tal nada lhe escapava.
Cavalgando, recordou os tempos da guerra entre Brancas e Pretas, a salvação do jovem príncipe e a invenção do xadrez, hoje jogo oficial dos dois reinos e doutras regiões mais distantes. Recordou a luta com o belo dragão que poupou e depois ficaram amigos para sempre.
Mais tarde, o herói começou a pensar na bela Caissa, paixão de sua vida. Que saudades tinha da Deusa do xadrez. De repente começou a pensar em voz alta. – Acho que ela também gosta da minha pessoa! Mas anda sempre através do mundo a proteger o xadrez. Não quer ter compromissos para poder estar sempre disponível para a sua missão. Além disso é imortal. Um dia serei velho e ela será sempre jovem.
Com estes pensamentos, Valente chegou junto do primeiro acampamento dos rapazes. Estudou o local com atenção e compreendeu o que se tinha passado. – Eles salvaram-se! Porque se tivessem sido devorados, as roupas, arreios e armas estariam aqui. Os lobos não comem cabedal nem aço.
Dizendo isto, arrancou. Primeiro a missão, depois o descanso. Era assim o nosso grande capitão. – Amigo, desculpa mas temos de viajar de noite. Paramos de vez enquanto para descansares, eu descanso na sela.
O inteligente animal, companheiro de muitas aventuras, abandonou a cabeça concordando com o dono.
Estava a amanhecer quando ele apareceu, enorme, batendo com as patas no peito e dando urros tremendos. Era um urso castanho da montanha, famosos pela sua ferocidade e inteligência.
O capitão podia partir a galope e fingir que não via a provocação. A sua missão era outra. Mas… a gigantesca fera estava no seu caminho, ocupava o estreito desfiladeiro por onde ele tinha de passar.
Valente desceu do cavalo, não queria o seu amigo ferido. Se fosse derrotado o corcel poderia voltar a casa e informar os reis do seu fracasso. Nesse caso eles mandariam os seus exércitos.
A luta foi terrível! O capitão escolheu a lança para enfrentar a fera. Depois de muitos avanços e recuos, o nosso campeão já com algumas feridas conseguiu encurralar o urso. Este não tinha espaço para manobrar e Valente ia cravar a afiada lança no coração da fera. Antes olhou uma última vez para o focinho do animal. Viu uma súplica tão grande nos olhos do urso. Não teve coragem para a estocada final. Recuou uns passos e a fera com grandiosa dignidade e um sorriso nos lábios avançou montanha dentro. Ao longe olhou para trás como para agradecer, virou costas e partiu. O capitão Valente, tinha conquistado outro amigo, como acontecera há muito tempo com o dragão.
Tratou como pôde das feridas e partiu novamente montanha acima.
Continuou a seguir o rasto, com mais ou menos facilidade. De repente parou, junto a um penhasco as pegadas desapareciam como por encanto. – Estranho, eles não podem ter-se evaporado…
Não sabendo que fazer arrancou velozmente para os rochedos, local onde estava o pequeno castelo do velho da montanha.
O seu cavalo subia cada vez mais a custo, por fim o cavaleiro desmontou e seguiram lado a lado. Pouco depois chegavam finalmente ao seu destino. O lar do famoso feiticeiro.
As estrelas já brilhavam em toda abóbada celeste. Estava escuro, muito escuro era noite de lua nova, quando as bruxas estão mais activas.

VI – O Sábio
Sábio e herói, deram um longo abraço, era uma alegria muito forte sempre que se reviam. A cadela Morgana também estava feliz, mas sentiu de imediato que havia graves problemas.
O capitão narrou tudo o que sabia. O Sábio ouvia atentamente e ao mesmo tempo tratava as inúmeras feridas que o cavaleiro ostentava do seu último combate.
Finalmente o capitão calou-se. Ainda não reparara que atrás dele na penumbra uma bela jovem ouvia atentamente a sua narração.
O velho disse entretanto. – Estes rapazes são levados da breca, querem pensar só pela sua cabeça. Deviam ter falado com os pais ou contigo. Eu mesmo poderia ter ido ao vale dar umas explicações… Ou aqui a minha neta.
Dito isto com um ar malicioso apontou para o canto. A jovem avançou com toda a sua esplendorosa beleza. O capitão ficou de boca aberta.
- Fecha lá essa bocarra e dá cá um abraço ao teu amor.
Valente ficou vermelho que nem um tomate maduro, se não fosse o problema dos príncipes era o homem mais feliz do universo.
O ancião voltou a falar. – Esperem que eu vou dar comida e agasalho ao corcel. Caissa prepara o jantar, Valente põe mesa. Já venho.
Os jovens, mas adultos olharam-se cheios de ternura, amor e paixão. Estava ali um caso sério.
Um pouco mais tarde foram jantar, enquanto comiam iam trocando ideias e preparando um plano de acção. Em dada altura o velho da montanha, afirmou.
- Isto é malandrice da bruxa má da montanha. Ela odeia-me e não suporta o xadrez. Como não pode fazer nada contra a minha pessoa e contra a minha neta Caissa, está a vingar-se nos príncipes. Mas amanhã vamos dar a volta a isso.
Depois de um breve silêncio, Caissa acrescentou.
- Eu não consigo descobrir aonde ela está, mas consigo neutralizar o seu poder. Não consigo é anular os seus feitiços.
- Vamos todos trabalhar em equipa. Acrescentou Valente.
No dia seguinte ao alvorecer estavam todos preparados para a acção.

VI – A Acção
O sábio falou.
- O castelo da bruxa só é visível do céu e muda de lugar sempre que ela queira. Vamos chamar o teu amigo dragão, silenciosamente vamos voar e descobrir o local.
O ancião continuou.
- Depois faço um feitiço que sei e ela não consegue mudar as ruínas que são a casa dela.
Caissa acrescentou.
Descemos no pátio e com o meu poder não autorizo nenhum feitiço caseiro.
O sábio voltou á fala.
- Vão aparecer dois monstros de rocha que a protegem dos animais selvagens. Valente tem de os derrotar com a sua espada. Para isso vou envolver a lâmina num óleo mágico para ela não quebrar.
- Mas como quebrar o feitiço que ela deve ter feito aos príncipes e aos cavalos? Perguntou a capitão preocupado.
- Deixem isso comigo. Falou o velho e continuando. – Depois de cumprirem a vossa parte vou ameaçar cortar-lhe o pescoço. Devido a isso ela vai propor um enigma que eu tenho de descobrir. É uma maneira de ela salvar a dignidade de bruxa.
O Valente ficou de olhos arregalados. – Mas como sabe que a malvada reage assim?
- Já a conheço há muitas centenas de anos, já travámos muitas batalhas. Por isso já a topo à distância.
Entretanto o capitão tocou a sua famosa trompa e meia hora depois o dragão seu amigo apareceu, belo como sempre. Recebeu calorosos cumprimentos de todos e rapidamente entrou no espírito da missão. Deitando uma chama radiosa que mais parecia o arco-íris, mas com o focinho para cima.
- Vamos embora, vamos ao ataque. Disse a deusa.
- Vamos! Confirmaram todo.
Na verdade, tudo decorreu conforme instruções do Sábio da Montanha Mágica.
No fim, ao ser dominada, não vendo outra saída, declarou cheia de prosaica.
- Eu só liberto os rapazes e os cavalos do feitiço se aí o velhadas conseguir responder ao enigma que vou lançar como desafio.
Conforme previsto ela assim reagiu. Os amigos sorriram uns para os outros com um olhar cúmplice.
O Sábio concordou, mas exigiu que se ela perdesse não chateava durante um século. Ela deu palavra de bruxa e com um riso velhaco, avançou com o enigma.
- Dois irmãos cumpriam tarefas no mesmo local, vezes sem conta. Mas nunca se encontraram cara a cara. Quem irmãos são esses?
O capitão Valente, ficou embaraçado, não sabia a resposta.
Caissa sabia mas não podia dizer. Tinha de ser o ancião de barbas brancas.
Com um sorriso nos lábios, o sábio afirmou.
- Nada é mais simples.
Depois de um breve suspende, declarou.
- É o par de Bispos. O das casas brancas nunca se encontra com o das casas Pretas.
Como por milagre, a bruxa evaporou-se e o castelo também.
Os príncipes apareceram belos e felizes com os altivos cavalos. Com se nada tivesse acontecido. Só se lembravam de uma simpática velhota que os abrigara e lhes dera uma saborosa sopa. Os amigos acharam que não havia necessidade de esclarecimentos por agora.
Foi uma alegria para a irmandade.
- Vamos festejar! Todos para casa do Velhote da montanha que sou eu.

VII – A Festa
Logo que chegaram ao acolhedor castelo do sábio, este deu ordem para serem enviados vários pombos de correio para os dois reinos a informar que os rapazes estavam salvos e de boa saúde.
Depois desta tarefa foram todos tratar dos festejos!
Ao meio dia. Já todos estavam à mesa na casa do ancião. Caissa com a ajuda do Valente, confeccionaram um almoço de luxo, melhor um banquete. Tudo à base de frutos, legumes, queijos, algas do rio e dos lagos.
O sábio, foi à adega buscar os sumos, néctares dignos dos deuses e dos reis. Algumas das bebidas tinham dezenas e dezenas de anos e tinham sido fabricados por ele próprio.
Os príncipes ficaram com a missão dos doces e eles safaram-se com muita classe. Tinham a mão afinada. Bem os faziam bem os comiam. De tempos a tempos davam umas miadelas para chatear a Morgana, olhavam um para o outro e encolhiam os ombros.
Durante toda a tarde foi comer e beber!
Depois foi cantar… cantar… cantar…
Todos dançavam, em especial Valente com a Caissa.
O Dragão ficou encarregue do fogo-de-artifício que ele cumpria com todo o rigor.
Por sua vez, a Morgana, jogava xadrez com os cavalos.
A festa durou noite dentro, a partir de dado momento começaram-se a contar as recordações. Por fim todos estavam cansados e sonolentos, a bebida ajudara muito nisso.
A dado momento o velho da montanha, decretou!
- Tudo para a cama. Amanhã vou explicar a estes meninos as questões que deram origem a estas aventuras. Vamos falar dos tais finais que todos questionaram no Festival de Xadrez.
O Dragão não podia ficar mais tempo. Tinha a companheira e os dragões pequenos à espera que já deviam estar preocupados, por isso, começou a despedir-se de todos. – Adeus amigos, capitão Valente quando precisares é só chamar com a trompa.
Os amigos agradeceram. O Sábio ofereceu-lhe um unguento que curava todas as feridas. Caissa deu-lhe um beijo que o encheu de alegria, os príncipes convidaram-no e à família, para visitarem as cortes, para receberem os agradecimentos dos reis. Por fim Valente deu um carinhoso abraço ao amigo de longa data.
O Dragão elevou-se no ar, deu uma série de piruetas no espaço, deitando fogo de diversas cores, escrevendo no escuro do céu. Até sempre amigos… Depois desapareceu direito ao seu lar.

VIII – A LIÇÃO
No dia seguinte. Enquanto Caissa e Valente passeavam através das paisagens da montanha, fazendo um autêntico namoro. Os príncipes sentaram-se em frente do ancião para este explicar os seus pontos de vista em relação às questões colocadas.
A Morgana também escutava atentamente.
Primeira questão, colocada pelos jovens. Num final de Bispo contra Cavalo quem tem vantagem?
O velhote pensou um pouco e calmamente respondeu.
- A vantagem de um lado ou de outro, depende sempre de vários factores. Mas primeiro vamos esclarecer uma questão que considero da maior importância. Tudo o que vou dizer é princípios, não são regras, por isso haverá sempre possíveis excepções.
- Por princípio o Bispo tem vantagem quando há peões nas duas alas e estão móveis. O Cavalo tem dificuldade em deslocar-se para as duas alas.
- Por princípio o Cavalo tem vantagem quando os peões estão numa só ala e estão bloqueados. Compreenderam?
- Sim grande mestre!
Segunda questão, colocada pelos jovens. Bispo bom Bispo mau, o que é isso?
- Este tema é muito interessante. Se tiverem ambos um Bispo das casas branca e se os peões do adversário estão bloqueados em casa preta, vocês têm o mau Bispo e o vosso adversário terá o Bispo bom. Este tema resolve muitos finais de partida. Espero que tenham percebido. Mais?
- Então e se forem Bispos de cor oposta? Perguntaram os jovens em uníssono.
- Isso é simples, de um modo geral a partida está empatada. Cada jogador controla metade do tabuleiro. Mas volto a chamar a vossa atenção… Há sempre excepções.
- Perceberam meninos?
Era evidente que eles tinham percebido…

IX – A Despedida
- O senhor é um sábio, muito obrigado.
De seguida os dois rapazes deram abraço forte e emotivo ao feiticeiro da Montanha Mágica.
Depois acrescentaram.
- Professor, queremos que no próximo festival, vá lá abaixo dar um curso de finais.
E antes de terem resposta, acrescentaram.
- Gostaríamos que Caissa e Valente casassem e fossem muito felizes.
O velho ancião com um sorriso triste esclareceu.
- Também eu gostava, mas é um amor difícil. O Valente é um herói mortal e Caissa é a deusa do xadrez, é imortal enquanto o xadrez existir. É triste mas vai haver muitos Valentes na eternidade dela.
Parou pensativo. Depois afirmou.
- É bom que eles vivam o momento e sejam felizes, agora mesmo…
No dia seguinte, ao acordarem, Caissa já tinha partido para viver o seu destino. Voltaria qualquer dia.
Despediram-se todos emocionados, ancião e Morgana tinham os olhos lacrimejantes.
Aos príncipes apertavam as mãos para disfarçarem a emoção.
O capitão Valente, herói de mil aventuras, não tinha complexos, deixou correr as lágrimas pelas faces marcadas por golpes de muitos combates.
Partiram. Ao longe o sábio e a sua cadela continuaram no seu posto de despedida. Depois ficaram cada vez mais pequenos, a seguir o penedo do castelo começou a desaparecer, por fim a bruma escondeu o topo da Montanha Mágica.
Embora tristes e saudosos, iam por outro lado contentes. Nos reinos das Brancas e das Pretas, esperavam-nos grandes festejos para a chegada dos heróis.

José Manuel Bray …………………………….Marinha Grande, 12-01-2006
……………………………Revisto………….......Marinha Grande, 05-07-2007
……………………………Nova Revisão……. Marinha Grande, 24-01-2011
……………………………Nova Revisão……. Marinha Grande, 21-02-2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Xadrez - Encontro Nacional de Escolas


Daniel Bray da Escola Acácio Calazans Duarte vence “Encontro Nacional de Escolas”
Disputou-se em 17 em Fevereiro no concelho de Alcobaça o XI “Encontro Nacional de Escola” vertente individual, cerca de trezentos jovens xadrezistas de ambos os sexos vindos de todo o país, lutaram por uma boa classificação.
No escalão dos mais velhos. 3º Ciclo e Secundário, concorreram cento e vinte jogadores, sendo uma vintena de grande categoria. Daniel Bray da Escola Acácio Calazans Duarte, venceu o campeonato fazendo uma demonstração de grande classe. No escalão dos mais novos perante cento e oitenta jogadores venceu com brilhantismo Francisco Cavadas do Externato da Benedita.
O distrito de Leiria está de parabéns ao conseguir travar o potencial dos grandes centros do país!

























sábado, 5 de fevereiro de 2011

Maria das Dores - vida e morte!

A minha trisavó Maria das Dores, sempre me fascinou, sinto que há algo de muito sedutor na sua história. Como não há fotografias nem pinturas sobre a senhora sinto-me no direito de a idealizar a meu gosto. Será uma linda mulher de pele clara, olhos azuis, longos cabelos cor de ouro, altura acima da média, bem composta de seios e pernas robustas, mas não demasiado fortes. Com esta descrição não estou a dar nenhuma novidade, estou a descrever a neta da Maria das Dores, minha avó Maria Henriqueta.
Maria das Dores, era uma bela adolescente que deslizava pelas sedutoras paisagens das Carreiras e Carvoeira, entre importantes Quintas e casas senhoriais. Os pais burgueses abastados, adoravam a sua menina e viam com orgulho a relação de amizade entre a moça e a fidalga da Quinta, Henriqueta das Dores. Foi então que apareceu o galã de seu nome José Bray natural de São Domingos de Carmões, homem apetecível cinco anos mais velho. A rapariga tinha dezassete anos e ficou louca de amor, daí aos actos foi um relâmpago, assim foi feito o primeiro filho ainda antes do casamento, nasceu a 22 de Março de 1868 a quem foi dado o nome de Silvério e foi meu bisavô. Mas voltemos atrás.
Maria das Dores filha de José Pereira e de Marianna das Dores nasceu na freguesia da Carvoeira no dia 20 de Janeiro de 1848, casando no dia 3 de Setembro de 1866 alguns meses depois de o filho nascer. Nessa altura a fidalga amiga contraía matrimónio com o visconde de Balsemão indo viver para a Quinta da Ermegeira! A viscondessa queria a amiga com ela e assim o jovem casal acompanhou a fidalga até à dita Quinta, isto no fim de 1866. José Pedro da Roza Bray foi contratado como feitor da Quinta e lá ficou a viver com a nossa Maria das Dores. Como escrevi noutros textos este foi o primeiro Bray a viver junto à Ermegeira a minha aldeia.
A vida na Quinta era feliz para todos e pouco a pouco foram nascendo os filhos ao casal Bray, de dois em dois anos, em 1868 a Maria Henriqueta (os viscondes foram padrinhos), em 1870 Luísa Maria, em 1872 Marianna, em 1974 Amélia, em 1877 José. Em 6 de Março de 1880 nascia um menino a quem foi dado o nome de António mas que faleceu nesse dia assim como sua mãe Maria das Dores.
Maria das Dores faleceu aos trinta e dois anos ao dar á luz o seu sétimo filho, o António!
O marido mandou construir um pequeno monumento em sua memória no cemitério do Maxial.
José Bray, trineto de Maria das Dores
Marinha Grande, 31 de Janeiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Xadrez - Tenho um sonho!

Sonho com um Xadrez para todos, onde sejamos iguais, sem distinção de raça, religião, sexo, política ou estatuto social!
Sonho para que o Xadrez seja apreciado por todos, na competição e na componente lúdica, sonho para que seja visto como uma ciência e uma arte, mesmo como uma filosofia, como afirmava o meu amigo Tarira.
Sonho para que o PODER um dia acorde e compreenda a importância do Xadrez na formação dos jovens!
Sonho com a fundação de um museu nacional dedicado ao Xadrez!
Sonho para que os dirigentes da modalidade não se esgotem em guerras de caca e dediquem o seu esforço em resolver os problemas da digna modalidade. Ela que nada fez para ser tão mal tratada!
Sonho para que todos tenham juízo!
José Bray

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Xadrez - 22º Memorial José Vareda

No dia 29 de Janeiro de 2011 disputou-se na sede do Sport Operário Marinhense na Marinha Grande o 22º Memorial José Vareda, simultâneamente 22º Campeonato Nacional de Semi-rápidas Equipas. Esta competição foi criada por José Bray para homenagear a figura ilustre da cidade vidreira, conhecida e reconhecida em toda a parte, o nosso querido DOUTOR. Como sempre a edição deste ano foi um sucesso, compareceram 47 equipas representadas por mais de 250 jogadores. É sem dúvida umas das maiores provas do calendário Nacional, talvez mesmo a mais bem conseguida!
Venceu a prova Academia Xadrez de Gaia, 2º GD Dias Ferreira, 3º ACR Vale Cambra, 4º ADRC Mata de Benfica, 5º FC Barreirense, seguido-se mais 42 equipas. A formção da casa o SOM-Sport Operário Marinhense ficou em 18º.
Durante a prova foi assinado um protocolo ente o SOM e a FPX, em que se garante a realização do Nacional na Marinha Grande até 2014. Desta forma José Bray venceu a batalha em defesa deste fabuloso Memorial. O Doutor José Henriques Vareda, merece esta justa homenagem!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Maria das Dores - sua morte

Esta nossa avoenga sempre nos trouxe fascínio pela sua história não sabemos muito mas temos tentado e conseguindo mais elementos sobre a sua vida. Cada vez há mais Brays a quererem saber coisas dos nossos antepassados, neste blogue já há alguma informação que podem procurar. Há dias descobrimos algo que embora em tese já tivéssemos essa hipótese, ainda não tinha sido possível comprovar. Agora já está documentada! Essa é a razão desta mensagem que hoje estamos a inserir.
Recapitulando, Maria das Dores nasceu nas Carrreias em 1848 e faleceu na Quinta da Ermegeira
em seis de Março de 1880 com 32 anos. Dias antes tinha falecido também seu filho, um menino nascido há um ano que foi baptizado de António.
No cemitério do Maxial há um pequeno mas digno monumento que o marido José Pedro da Roza Bray, lhe dedicou!
Nota: colocada a 14/5/2013
Consta por diversos relatos que Maria das Dores tinha ido com o filho António visitar a família às Carreiras. O caminho ainda extenso, talvez pouco menos de vinte quilómetros, fora feito a pé. No regresso mãe e menino apanharam uma grande molha, chegaram a casa adoeceram provavelmente com uma pneumonia, falecendo os dois com poucos dias de diferença!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Xadrez - O doping

O Xadrez, como todos sabem é praticado em todas as idades, desde muito novos até idade avançada. Já vi a jogar em competição meninas e meninos de seis anos e idosos com mais de oitenta. É uma modalidade praticada por pessoas saudáveis e pessoas doentes, inclusive por quem tem as mais variadas deficiências, tais como invisuais, surdos, mudos, paraplégicos, saúde mental, e muitas outras! Todos podem fazer competição e ninguém os pode descriminar! Muitos praticantes precisam de medicamentação pois têm mazelas que o exigem. Mas no Xadrez há uma idiotice sem pés nem cabeça! Há uma coisa chamada controle DOPING, como se tratasse de ciclismo, atletismo, futebol, natação, etc., etc.
Se me disserem que o comportamento é fundamental, e aí o controlo sobre o álcool é essencial, mas impedir que um doente não possa tomar um medicamento porque faz parte da lista de proibição do doping é no mínimo uma tolice! O Xadrez é uma modalidade em que 99% é amadora ou seja os jogadores custeiam o seu custo. O Xadrez é uma modalidade lúdica em que o jogo se confunde com arte e ciência, por isso para quase todos é uma forma de viver com mais felicidade! O Xadrez também é uma modalidade terapêutica, faz bem a muita gente doente que têm o direito de o praticar!
Muitos dizem: isso é só para inglês ver, é só para estar no papel! Maneira cómoda de lavar as mãos como Pilatos. Acontece que já houve torneios com controlo anti-doping. E talvez o mais ridiculo seja a lista ser igual à das restantes modalidades.
Pessoalmente conheço muitos xadrezistas com necessidades de medicamentação! Vamos proibi-los de jogar? Muitas vezes é este jogo que os salva!