domingo, 29 de junho de 2014
Xadrez - Crise na Associação de Xadrez de Leiria
Xadrez – Em busca da solução perdida!
Em vinte e oito de Julho de 2013 escrevi no meu blogue um texto sobre a gestão da Associação de Xadrez de Leiria. A minha mensagem levantou uma certa polémica, e alguém sentiu-se atingido. Ela foi escrita para alertar consciências. Dias depois, a dois de Agosto, coloquei nova mensagem no blogue dando alguns esclarecimentos relativamente aos meus pontos de vista.
Nas minhas mensagens ao contrário de que muita gente pensou, não era para atingir ninguém. Era sim para criticar certos procedimentos com que não concordo. Coisa que faço sem papas na língua no sitio certo.
Pois é! Alguém ficou ferido e demitiu-se das suas funções de presidente.
Após isso, foi eleita uma nova Direcção para a Associação de Leiria que apoiei. Nessa altura coloquei uma nova mensagem no blogue no dia vinte e um de Setembro. Duas semanas depois, a seis de Outubro nova mensagem no blogue considerando que a Associação estava no bom caminho.
E agora? Agora, ainda não passado um ano, sinto-me na obrigação de voltar escrever uma mensagem no blogue. E porquê? Porque a coisa está feia.
Não quero que ninguém se ofenda, nem tenho a intenção de atacar seja quem for. Ao fim e ao cabo como nas mensagens anteriores.
Há dias a direcção enviou-me uma carta de demissão em que quatro directores a subscreveram. Quer isto dizer que a coisa está negra. Conclusão! Nesta estória, falhámos todos, inclusive a minha pessoa.
Nunca pensei ser possível, tantas clivagens, inclusive no seio da própria direcção gestora.
Não vou lavar aqui roupa suja, mas parece impossível que numa modalidade em que a mente é soberana, haja tantas picardias. Tantos feudos, tantos inimigos de estimação, tanta falta de educação e tanta falta de tolerância. Isto é só xadrez meus senhores!
Apelo ao bom senso de todos. Tentem não pôr as miudezas à frente dos interesses do colectivo e da modalidade.
Um Distrito com tanto para dar, em todas as frentes, não se entende que andem nestas guerras do Alecrim e da Manjerona.
Da minha parte como Presidente da Assembleia Geral, tentarei ajudar no que puder. Reunirei com os membros da Mesa, depois tentaremos falar com todos os intervenientes responsáveis do xadrez do Distrito, para auscultar opiniões e possíveis soluções.
Peço a todos que façam jogo limpo!
José Bray, 29/6/2014
Digníssimo Presidente da Assembleia Geral da A. X. Leiria
Sr. José Manuel Bray
Carlos Oliveira Dias, Presidente da Direcção da AXL, Carlos Baptista, Vice-Presidente da Direcção da AXL, Mário Canaverde, Tesoureiro da AXL e Jorge Gonçalves Silva, Vogal da Direcção da AXL, vêm mui respeitosamente pedir a demissão dos cargos que ocupam na AXL, solicitando a V. Exa se digne marcar eleições.
Mais informamos que até final da época estaremos em função e cumpriremos o calendário associativo.
Respeitosamente,
Carlos Oliveira Dias
Carlos Maximiano Baptista
Mário Canaverde
Jorge Gonçalves Silva
Xadrez - Memorial Vareda versus Nacional Semi-rápida Equipas
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- Xadrez – Memorial Vareda versus Nacional de Semi-rápidas
Com atraso, mas pleno
de oportunidade venho escrever mais uma vez sobre o Memorial José Vareda versus
Nacional de Semi-rápidas Equipas.
Como todos os
xadrezistas sabem o Memorial Vareda disputa-se há vinte e cinco anos na Marinha
Grande sendo até 2012 simultaneamente o Nacional de equipas. O que muita gente
não sabe é que fui eu quem criou a prova em homenagem ao doutor José Henriques
Vareda, ilustre cidadão da cidade vidreira. O nosso “Doutor” foi um competente
advogado defensor da liberdade, um não menos famoso político assim como um
homem do associativismo e voluntariado em causas do bem público. Também era um
admirador da nossa modalidade que praticava sempre que possível. Uma das obras
da sua vida foi o SOM, ou seja, o crescimento e dignificação do seu Sport Operário
Marinhense.
Após o seu precoce
desaparecimento, com ajuda de alguns amigos decidi avançar para a realização de
um Memorial em homenagem o nosso Doutor.
Poucas pessoas sabem
que, nessa época não havia no calendário nacional o Campeonato de Semi-rápidas
de equipas. Mas, ainda menos pessoas sabem que foi a Federação Portuguesa de
Xadrez a pedir ao SOM para a prova ser também Nacional, o que teve a nossa
aceitação, para bem da modalidade. Assim aconteceu durante de vinte e poucos
anos. No último fim-de-semana de Janeiro, o Operário transformava-se na capital
do xadrez.
A Federação tinha assim
mais uma prova de prestigio no seu calendário, a maior parte da vezes a custo
zero e sem nenhum trabalho. Desmintam-me se não for verdade.
Por este Portugal, há
centenas de jogadores que têm uma grande simpatia, empatia e ternura por este
evento. Façam um inquérito e analisem o resultado. Por cá passaram muitos
jovens que hoje são pais e muitos foram pais e já são avós.
Pela Marinha Grande
passaram milhares de xadrezistas e familiares. Não há clube de xadrez em
Portugal que se preze, que não tenha troféus do Memorial nas suas vitrinas.
Através do tempo houve
alguns problemas entre os dois organismos, FPX/SOM, mas com bom senso sempre
foram ultrapassados, terminando inclusive na feitura de um protocolo.
Em 2013 levantou-se um
contencioso a que sou alheio entre o SOM e a FPX, ou vice-versa. O resultado
desse imbróglio é que foi separado o Memorial do Nacional ou vice-versa.
Na minha opinião, um
tremendo disparate e falta de tacto de parte a parte! Ninguém ganhou com isso.
De quem foi a culpa? Não estou de momento a tentar saber e muitos a incriminar.
Este ano o Memorial
Vareda realizou-se com 12 doze equipas, por sua vez o Nacional foi jogado em
Coimbra por 18 equipas. Um tremendo flop nas duas provas. Como disse em local
certo, não merece a pena manipular as cabeças, foi mesmo um fracasso.
Quem ganhou com a falta
de bom senso. O Xadrez? Os xadrezistas? O SOM? A Federação Portuguesa de
Xadrez? Provavelmente ninguém!
Com tudo isto, o
Memorial José Vareda pode ter morrido em 2014 e a Federação terá uma prova da
treta, como se viu este ano.
Pergunto a todos os
responsáveis.
Não é de parar e
pensarem em retornar ao modelo antigo? Não será de dar o braço a torcer e o
Memorial José Vareda voltar a ser o que sempre foi? É óbvio que sim! Pensem no
assunto...para ajudar, se acharem útil, saibam que podem contar comigo.
José Bray, 29/6/2014
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Crianças - Ilusão no Xadrez
Não se pode ficar só na ilusão
Resultados da Terceira etapa do Circuito Jovem do distrito de Leiria - em Rio Seco - os representantes do SOM:
Guilherme Faria em 5 jogos ganhou 4
Rafael Balseiro em 5 jogos ganhou 3
Excelentes resultados!
Através do facebook tive acesso a esta informação e comentei.
- Sim os resultados foram bons! Mas é preciso evoluir, para isso é preciso muito trabalho e quem saiba ensinar. Não se pode ficar só na ilusão!
Este meu comentário deu origem a outro que se interligam.
- Queria apenas salientar que o Rafael nunca teve aulas de xadrez... e eis que conseguiu este resultado espectacular! Parabéns ao Rafael!
Como era óbvio...confirmei.
- Sim claro, parabéns!
Alguém ficou admirado ou curioso e comentou.
- Ilusão?
A minha frase: Não se pode ficar só na ilusão! Foi a raiz para os diversos comentários no facebook, mais alguns feitos pessoalmente. Vou então tentar explicar sem quaisquer sofismas a razão do meu comentário.
Atenção, estamos a falar de xadrez uma modalidade de alta exigência. Estamos a falar de algo profundamente científico, sem dúvida uma arte, uma filosofia, para alguns uma religião e finalmente um jogo de alta competição. Diz quem sabe que a vida imita o xadrez e também que a vida é curta para o xadrez.
As crianças aprendem os movimentos básicos, depois são levadas para a competição pelos pais, monitores, professores, seccionistas e também por eles mesmo. Contudo, a maior parte vai sem um mínimo de formação.
Os miúdos querem de imediato entrar nos campeonatos, muito bem (ou muito mal), tendo ou não preparação adequada. Não devemos desmotivar a rapaziada, antes pelo contrário. Mas tem de haver bom senso (tacto) nessa motivação. Não podemos cair num excesso de paternalismo que não leva a nada. Eu mesmo, cometi esse erro muita vez no passado. Acabei por verificar que de nada servia, só criava a ilusão nos jovens. Com a idade e com a azia da vida talvez tenha exagerado no sentido contrário.
As crianças mal sabem movimentar as peças, querem logo jogar e querem de imediato ganhar.
Pior ainda, os pais que nem as peças sabem movimentar e por vezes nem a designação das mesmas, só pensam na perspectiva do ganhar. A frase tipo doa pais, que mais se ouve no fim das sessões é a trivial pergunta. – Ganhaste? – Nunca oiço ninguém perguntar. - Então filho como correu? – Então filho foi uma boa luta? – Então filho aprendeste alguma coisa? – Então filho foi divertido?
Muitas vezes, ignorantes do xadrez, ainda ralham com os filhos. Vi mesmo há anos uma besta a dar uma chapada no miúdo!
Como é óbvio, as crianças atirados assim aos bichos, é para perder, perder e voltara perder. Isso é o normal, o anormal é se fosse ao contrário.
Sem aprender ninguém fica a saber, verdade de La Palice. Por isso é preciso trabalhar muito para aprender e o xadrez não se assimila em segundos.
Falemos então da ilusão…
Os jovens quando começam nada sabem, estão no patamar zero. Vão entretanto jogar com outros que também nada sabem e por vezes nem no patamar zero estão. Alguém tem de vencer embora tudo feito ao acaso, lances ilegais, sobre lances ilegais. Reis que se mantêm sobre xeque, movimentos incorrectos, peças mudadas e que depois voltam atrás. Enfim só disparates de quem não sabe o que está a fazer. Ou seja nem as regras sabem.
No fim uns fazem mais pontos que outros, mas nem sabem como. Todos ficam contentes e os responsáveis a babarem-se de felicidade. Contudo não se devem desmoralizar os miúdos.
Então que há a fazer? Muito simples! Temos que estudar as fraquezas do jovem jogado, analisar o seu jogo e dar formação. Mas dada por quem sabe.
Quanto aos pais já sou mais crítico. Quase sempre ignorantes na modalidade, pensam que têm uma estrela do xadrez em casa. Sei isso porque converso muito com esses pais e mães. Tento explicar que as crianças ainda estão no zero e precisam de muita formação, mas eles não acreditam e julgam que sou chato.
Os anos passam, os putos deixam o xadrez que nunca chegaram a aprender.
Mas também grave, é a atitude dos monitores, professores, treinadores, que enviam para a competição a oficial, inclusive nacionais, jovens sem a mínima preparação.
Estas são algumas das razões porque disse, para não ficarem só na ilusão que os vossos filhos sabem, quando na verdade estão ainda no zero.
José Bray, 17/6/2014
Nota: quem estiver interessado, em temas com ligação a este, deve ler no meu blogue, brayxadrez.blogspot.com “O homem do tijolo e o Xadrez” e “Os xadrezistas do senhor Alcobia”.
sábado, 14 de junho de 2014
Xadrez - Sistema Suiço
Xadrez – Sistema Suíço
No xadrez, havia um
problema na organização das provas, difícil de ultrapassar. Ou seja. Que
fórmula usar para disputar os torneios com muitos jogadores inscritos? Mas de
forma que todos jogassem da primeira à última jornada, e também de modo que as
competições não se prolongassem excessivamente no tempo.
Havia três fórmulas:
A – Todos contra
todos. Sem duvida o sistema mais justo. Mas impraticável para quantidade de
participantes. Para oito xadrezistas, dez, doze, muito bem. Mas para trinta,
sessenta, cem, duzentos, seiscentos? Obviamente impraticável. Em Luanda
disputei torneios com dezasseis jogadores, foi o máximo. Era quinze dias a
jogar no duro. Hoje ninguém tem vida para isso a não ser alguns profissionais.
B – Por séries.
Sistema já muito usado e uma boa solução ainda. Mas tendo como inconveniente a
limitação, porque só alguns poderão jogar as partidas todas.
C – Por
eliminatórias. Este sistema só tem alguma lógica para provas tipo Taça de
Portugal por equipas, ou similar. Após a primeira
sessão, metade fica de fora e após a segunda só 25% dos participantes estão em prova.
Por tudo isto, este sistema cada vez mais caiu em desuso
O xadrez é uma
modalidade em que podem aparecer muitos atletas a quererem competir, o que é excelente.
Como podemos então pôr todos a jogar a prova, competindo em todas as jornadas e
com objectivos na classificação geral?
Por isso:
Alguém no passado
pensou no problema puxou pela cabeça e assim nasceu a quarta fórmula o “Sistema
Suíço”.
Suíço porquê? Simples,
o senhor que o inventou no século XIX era suíço de seu nome Julius Muller, foi
usado pela primeira vez em Zurique num torneio de xadrez. Por isso ficou
designado Sistema Suíço, nada mais justo.
Este sistema passou a
ser usado em inúmeras modalidades entre elas as Damas, o Bridge e o Gamão.
Durante algumas dezenas
de anos, o trabalho organizativo era elaborado através de fichas o que dava
imenso trabalho. Para o fim do século XX apareceram os suportes informáticos e
tudo se simplificou. Em Portugal o primeiro programa criado foi o Protos da autoria
do José Coelho e foi testado num torneio 25 de Abril da Marinha Grande. Nessa
época o Coelho era estudante na Escola Secundária da cidade vidreira, mas já
era um génio da informática. Hoje é professor no Técnico.
Então temos:
D – Sistema Suíço.
Esta é então a quarta fórmula de organizar provas de xadrez. A mais usada
especialmente nos torneios individuais.
Como todos sabem, este
sistema tem um rigoroso regulamento, por princípio ninguém deve fugir ao cerne
fundamental do Suíço. Para alguns pontos há opções, mas estão devidamente
regulamentadas.
Regras fundamentais do
Sistema Suíço: a)- nenhum xadrezista poderá jogar com o mesmo adversário duas vezes, b)- os xadrezistas sempre que possível terão de jogar com adversários com a mesma
pontuação, c)- sempre que possível haverá alternância nas cores, d)- um jogador não
poderá voltar a subir ou descer no grupo pontual, desde que haja alternativa, e)- quando a numero de participante for ímpar, um jogador não poderá ficar de fora
mais que uma vez, f)- na primeira sessão os jogadores serão ordenados pelo seu
rating ou seja a lista elo. g)- os desempates obedecerão a uma das opções da
escolha da organização do torneio, h)- o número de sessões de uma prova no Sistema Suíço,
deve ser a raiz quadrada mais um. Ou seja se forem 100 jogadores as sessões
deverão ser 10+1=11.
Penso que referi os
aspectos fundamentais do sistema suíço. Um sistema com algumas falha de
objectivo mas que permite organizar torneios que chegam a ter centenas de
jogadores.
Agora vem a razão
porque escrevi este texto.
Os organizadores das
provas, seja a Federação Portuguesa de Xadrez, sejam as Associações Distritais,
sejam os Clubes, sejam outras Entidades, ou simples organizadores individuais,
todos cometem uma agressão ao Sistema Suíço. Reduzem o número de sessões,
caindo muitas vezes no ridículo.
Porque o fazem? São
burros? Claro que não! Fazem-no por razões financeiros e de tempo. A vida cada
vez está mais acelerada e o dinheiro anda escasso. Mas daí até ao direito de desvirtuarem
o Sistema Suíço, vai uma distância enorme.
É uma aberração fazer
torneios de cinco sessões com sessenta jogadores a competir, ou sete sessões
para quantidades acima de cem jogadores.
Se um qualquer
organismo privado em prova privada faz essa aberração, quem quer come, quem não
quer não come. Mas nas provas oficiais não aceito tal situação.
Não há bela sem senão!
Na verdade alguma coisa tem de ser sacrificada, mas nunca a verdade desportiva.
Ou não se aceitam inscrições a mais, ou então aumentam-se o número das sessões
diárias. A redução do número de sessões? Nunca no Sistema Suíço!
José Bray, 14/6/2014
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