quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O Mestre e o Aprendiz

O Mestre e o Aprendiz…
Eram dois companheiros de jornada, o mestre e o aprendiz.
A jornada era longa, diremos mais, era o somatório de muitos caminhos, de muitas estradas. Pontualmente, durante a longa viagem outros camaradas os acompanharam. Hoje um, amanhã dois, depois três, para de seguida voltar a ser um só. Foi assim dia após dia, mês após mês, ano após ano. Uns desistiam, outros mudavam de rumo, alguns dormiam na caminhada por um período e outros para sempre.
O mestre sabia tudo! Pensava o aprendiz. Mas bem lá no fundo o mestre sabia pouco. Curiosamente nem a filosofar era forte o sábio. O seu saber, em parte, era ousadia da ignorância.
Por sua vez, o aprendiz, que não sabia nada, mas na verdade até sabia alguma coisa, estava atento a tudo o que o mestre fazia. O jovem também se interessava por tudo o que os outros, menos sábios diziam e aplicavam. Por outro lado, não fugia a experimentar melhor local para pôr os pés, estudando livros e mapas para melhor aproveitar os ensinamentos.
Os anos passaram, por outros caminhos outros mestres apareceram, todos muito sabidos, mas pouco sábios. Alguns caminhavam pesados no pensar e difíceis no diálogo.
Alguns eram mestres potenciais e bons andarilhos, mas incómodos para os mestres sem mestria. Estes mestres potenciais acabavam por preferir mudar de rota.
O nosso aprendiz foi sempre evoluindo, avançando em passo certo pela estrada: por fim, de aprendiz já nada tinha mas preferira que fosse considerado sempre um aprendiz.

Hoje, o jovem aprendiz de outrora é um excelente mestre. Por sua vez os antigos mestres do passado são como borboletas que voam de nenúfar em nenúfar. Nada entendendo do verdadeiro caminho percorrido pelo ex aprendiz.


 Marinha Grande, 5 de Julho de 1997
José Bray

Alguns esclarecimentos. Vasculhando textos versando sobre gestão, encontrei “O Mestre e o Aprendiz” que transcrevo acima. É uma metáfora, que precisei de pensar para recordar porque a escrevera. Trata-se do meu percurso no mundo do trabalho, qualquer pessoa entende, mas tem nuances que respeitam a outras pessoas. Trata também de um saber específico, a metalurgia, área a que me dediquei com vontade de saber. Fala de gente que pouco sabia da matéria, mas que armavam. Fala de gente que se estavam borrifando e fala de alguém que era bom, mas que o sistema tramou.
José Bray, 7/11/2014

Algumas frases que gostei de reencontrar:
Os maus clientes desviam recursos e tempo que devem ser dedicados aos bons clientes. Bray, 4/12/96
A arte não existe sem os pequenos detalhes, as empresas também não. Bray, 4/12/96
Uma empresa tem de ter “valores”, exactamente como as pessoas de bem! Bray, 4/12/96
Trabalhar em equipa é: todos serem líderes, servidores e sofredores. Cada um desenvolver os seus dons e confiar nos outros. Bray, 7/5/97


2 comentários:

  1. Hoje a realidade é bem diferente; "os velhos" são ostracizados e todo conhecimento e dedicação é, simplesmente, ignorado. Os aprendizes (licenciados) julgam que sabem tudo, mas o mundo de trabalho é bem diferente, as teorias e o conhecimentos são uteis, mas a prática de anos e anos, é uma boa ferramenta para os ajudar. Não há aprendizes como outrora e também não há os mestres.

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  2. Continuam a haver mestres (professores) e aprendizes (alunos). O jogo de ensinar e aprender é eterno. Nada tem a ver elites, tem a ver com saber! Gostei muito do comentário anónimo!

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