O Mestre e o Aprendiz…
Eram dois
companheiros de jornada, o mestre e o aprendiz.
A jornada era longa, diremos mais, era o somatório de muitos
caminhos, de muitas estradas. Pontualmente, durante a longa viagem outros camaradas
os acompanharam. Hoje um, amanhã dois, depois três, para de seguida voltar a
ser um só. Foi assim dia após dia, mês após mês, ano após ano. Uns desistiam,
outros mudavam de rumo, alguns dormiam na caminhada por um período e outros para
sempre.
O mestre sabia tudo! Pensava o aprendiz. Mas bem lá no fundo
o mestre sabia pouco. Curiosamente nem a filosofar era forte o sábio. O seu
saber, em parte, era ousadia da ignorância.
Por sua vez, o aprendiz, que não sabia nada, mas na verdade
até sabia alguma coisa, estava atento a tudo o que o mestre fazia. O jovem também
se interessava por tudo o que os outros, menos sábios diziam e aplicavam. Por
outro lado, não fugia a experimentar melhor local para pôr os pés, estudando
livros e mapas para melhor aproveitar os ensinamentos.
Os anos passaram, por outros caminhos outros mestres
apareceram, todos muito sabidos, mas pouco sábios. Alguns caminhavam pesados no
pensar e difíceis no diálogo.
Alguns eram mestres potenciais e bons andarilhos, mas
incómodos para os mestres sem mestria. Estes mestres potenciais acabavam por
preferir mudar de rota.
O nosso aprendiz foi sempre evoluindo, avançando em passo
certo pela estrada: por fim, de aprendiz já nada tinha mas preferira que fosse
considerado sempre um aprendiz.
Hoje, o jovem
aprendiz de outrora é um excelente mestre. Por sua vez os antigos mestres do
passado são como borboletas que voam de nenúfar em nenúfar. Nada entendendo do
verdadeiro caminho percorrido pelo ex aprendiz.
José Bray
Alguns esclarecimentos.
Vasculhando textos versando sobre gestão, encontrei “O Mestre e o Aprendiz”
que transcrevo acima. É uma metáfora, que precisei de pensar para recordar
porque a escrevera. Trata-se do meu percurso no mundo do trabalho, qualquer
pessoa entende, mas tem nuances que respeitam a outras pessoas. Trata também de
um saber específico, a metalurgia, área a que me dediquei com vontade de saber.
Fala de gente que pouco sabia da matéria, mas que armavam. Fala de gente que se
estavam borrifando e fala de alguém que era bom, mas que o sistema tramou.
José Bray, 7/11/2014
Algumas frases que
gostei de reencontrar:
Os maus clientes
desviam recursos e tempo que devem ser dedicados aos bons clientes. Bray,
4/12/96
A arte não existe sem
os pequenos detalhes, as empresas também não. Bray, 4/12/96
Uma empresa tem de ter
“valores”, exactamente como as pessoas de bem! Bray, 4/12/96
Trabalhar em equipa é:
todos serem líderes, servidores e sofredores. Cada um desenvolver os seus dons
e confiar nos outros. Bray, 7/5/97
Hoje a realidade é bem diferente; "os velhos" são ostracizados e todo conhecimento e dedicação é, simplesmente, ignorado. Os aprendizes (licenciados) julgam que sabem tudo, mas o mundo de trabalho é bem diferente, as teorias e o conhecimentos são uteis, mas a prática de anos e anos, é uma boa ferramenta para os ajudar. Não há aprendizes como outrora e também não há os mestres.
ResponderEliminarContinuam a haver mestres (professores) e aprendizes (alunos). O jogo de ensinar e aprender é eterno. Nada tem a ver elites, tem a ver com saber! Gostei muito do comentário anónimo!
ResponderEliminar