Fui com sede ao pote? Talvez sim, talvez não. Convém que a água esteja preparada para ser bebida. Ir demasiado cedo só serve para turvar o liquido e depois nunca mais assenta. Isto faz lembrar a parábola do pescador de emoções, esse sim, fazia as coisas como deve ser. Vou contar...
O pescador muito de mansinho deitava a rede ao lago, esperava o tempo que fosse necessário calmamente. Com arte e engenho ia deitando pequenos iscos para encantar a pesca. Quando pensava que tudo tinha sido feito nos conformes, puxava devagar a rede para não espantar a pesca. Depois com o saber de pescador muito treinado e safado, estudava a safra e tomava uma decisão. Se houvesse alguma pesca que lhe agradasse, deitava a restante pesca ao lago. Depois durante um tempo só consumia a pesca escolhida. Quando acontecia não haver pesca de jeito, ia tudo para o lago. Depois com toda a paciência do mundo e com a sua arte e engenho de bom pescador voltava a deitar a rede ao lago sempre na esperança de acontecer uma boa pesca. Acabava sempre por ter sorte! Ou era saber?
Acabou para a Academia de Xadrez do Bombarral o nacional da segunda divisão, este é meu clube e do Daniel. A equipa manteve-se a custo na segunda divisão. Com dificuldade sim, mais por erros de percurso do que por necessidade. Com a armada espanhola teríamos lutado para o primeiro lugar, mas os barcos de Espanha afundaram nas rias da Galiza, como aconteceu à outra armada no canal da Mancha, a invencível. As melhores prestações foram do Fernando Sena que arrecadou 63 pontos Elo (muito bom) fazendo 4,5 em 7 pontos e do Daniel Bray que fez 4 pontos em 6 pontos e arrecadou 15 pontos Elo. Cá o velhote fez uma prestação medíocre, a idade não perdoa. A Academia deve apostar na juventude. Para o ano, se algum reforço chegar melhor, mas jogadores de perto, não vá a tempestade tramar tudo outra vez.
No próximo sábado vai acontecer o nacional de semi-rápidas de equipas em Coimbra. Como todos sabem, fui o criador desta variante que não existia no panorama português. A prova tinha a designação de Memorial José Vareda. Era uma organização de excelência, chegando durante anos a ser a melhor prova nacional, isto na opinião de quem sabe. Foi assim vinte anos. Um estúpido contencioso entre a direcção do SOM e da FPX, deu-se o divórcio. Não interferi porque tinha morrido para o xadrez da Marinha Grande, outro contencioso estúpido mas não chamado para aqui. Mas acompanhei o processo à distância e numa mensagem anterior falei nisso neste blogue. Que aconteceu entretanto? A Federação passou a fazer o Nacional e o SOM o Vareda. Este ano o Vareda teve doze equipas, duas da casa, para o nacional do dia 17 estão inscritas dezanove equipas, sendo várias da Associação organizadora e cinco equipas B, ou seja só estão representados catorze clubes. O Memorial José Vareda por várias vezes esteve perto das cinquenta equipas. Perderam todos pau e bola, o SOM, a FPX e pior que tudo o Xadrez. Foi a boa cagada que os responsáveis fizeram. Bem hajam!
Estive três dias e duas noites no Alentejo, na região de Beja. Estive com olhos de ver como nunca tinha estado. Claro que já por lá tinha andado, não falo nas passagens para o Algarve embora sempre tivesse parado aqui e ali. Isa Bray tirou o curso em Évora, por isso lá ia regulamente, batendo a zona. Vi muitos monumentos e bebi muito vinho com a gastronomia da região. Também joguei o torneio de Odemira duas vezes, o que me permitiu ver a aquela zona. Andei por Castelo de Vide, Marvão e Portalegre, numa interessante viagem com muito para contar, mas não nesta conversa, mas foi giro. Principalmente a ida a Espanha numa noite de borga para jantar (ou cear) comida espanhola e no fim descobri que o restaurante era de um casal português. Há anos andei para Reguengos e Reguengos de Monsaraz. Mas a viagem que fiz há dias foi especial. A minha intenção era de beber o Alentejo com todos os meus sentidos. Falar com aquela gente que tão mal tratada tem sido através do sempre. Povo que passa as horas a ver passar o tempo, com os olhos perdidos no vasto horizonte. Fiquei em Aljustrel, num hotel novo com tudo do mais requintado na arte de bem servir. Mas não imaginem que era para ricos, não senhor, a preços acessíveis. Gostei imenso da vila, tem uma traça mais modernista por exemplo que Ferreira onde também estive. Não se via um papel no chão e a acessibilidade para todos era uma constante em todos os locais, passeios e edifícios. O meu destino principal era Ervidel uma aldeia enorme, arrumadinha e vazia. Foi um favor feito a uma amiga, aproveitando para respirar Alentejo. Na aldeia visitei o museu local, pequeno mas interessante, onde um funcionário deficiente faz serviço todo o dia, mas que tem dias e dias que ninguém visita o museu. Na aldeia todo o meu tempo foi passado a escutar as conversas, em especial no largo central onde os compadres vegetavam bebendo uns tintos e dizendo umas tretas mil vezes repetidas na ano. De repente dei comigo a falar alentejano. Fui a Ferreira e gostei, mas não tanto como de Ervidel. Mas lá aconteceu uma cena muito gratificante. Como sabem sou de fala fácil. Ao passar junto a um hotel de charme meti conversa com um compadre que estavam abrindo uma garagem, ou pequeno armazém. Então o raio do senhor Francisco convidou-me para ver uma coisa, fui! sabem o que era? Um museu privado, nessa garagem ou pequeno armazém, ou para as duas funções. Centenas de peças de tudo e mais alguma coisa, por exemplo ratoeiras (armadilhas) de todos os tamanhos e feitios, do pequeno pardal ou rato até raposas e lobos. Miniaturas de ferramentas de todas as profissão do campo, adegas, lagares, etc. Era tanta coisa que até custa a descrever, camas de ferro, recipientes, candeeiros, ate quadros pintados não sei por quem. No dia um de Maio fui a um piquenique do pessoal de Ervidel na barragem do Roxo. Comi rancho e depois caracóis e bebi bom vinho, escutei discurso politica mas já sem garra, depois um coro de mulheres e a seguir outro de homens, para terminar um grupo folclórico de Faro. No dia dois fui para Beja, gostei, tinha uma ideia errada da cidade quando há muitos anos por lá passei. Mas não me vou alongar, porque tinha muito para escrever. Foi a lidação com o povo alentejano que me fascinou. Também me deu grande satisfação, ver olivais com dezenas de milhar de oliveiras assim como pinhais imensos de pinheiros mansos, searas de girassol e de trigo, para além dos sobreiros e das vinhas e do gado. O Alqueva vai fazer maravilhas no Alentejo. Gostei, os meus amigos do norte que me perdoem, mas gosto mais de estar a sul do Tejo! Um filosofo meu amigo dizia que o alentejano só emigra para o cemitério. Outro dizia que o alentejano evita atravessar o Tejo.
Penso que já escrevi bastante! Dedico estas tretas a quem gostar de ler o que escrevo.
José Bray
Tens de ter calma e esperar melhores dias. Junho, Julho e Agosto podem ser bons meses!
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
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ResponderEliminarBom regresso ao Blogue. Já fazia falta ler as suas histórias e tudo as que caracteriza. Toca a escrever e deixar correr as palavras "ao toque",
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