As alcunhas no mundo do
xadrez.
Um dia um amigo
chamou-me “Velho do Restelo”. Não gostei, embora não tivesse ficado ofendido.
Sei que foi uma brincadeira, na base de alcunhas a colar a cada um de nós.
Durante a minha vida já
fui padrinho de algumas alcunhas que vestiam muito bem no visado, mas sempre
com o cuidado de não ferir a dignidade de cada um, outros têm feito o mesmo.
O Vasco Elvas chamou ao
nosso saudoso Carlos Quaresma o Dr. House, fabuloso.
O Rui Feio, chamou ao
Carlos Baptista o Furacão, boa perspectiva. Ao mesmo Baptista apelidei de
Indomável.
Voltando ao Rui Feio,
para mim o Capitão América, mas um herói intelectual, nesse aspecto, nas antípodas
do herói americano.
Entre nós o Carlos Dias
era o Obelix, devido ao seu bigode e dimensão. Por seu lado o Vitor Cordeiro era
o nosso Astérix devido às suas parecenças com a personagem da banda desenhada.
A mim muitos puseram-me o Druida.
Por sua vez o Daniel Bray
é “O Príncipe”.
E por aí fora não
faltam alcunhas bem metidas…
Curiosamente, ou não,
há pessoas que não têm perfil para serem apadrinhados por uma alcunha, ou que
se possa fazer uma caricatura (desenho). Seja no sentido positivo ou no sentido
negativo. São os chamados amorfos!
Agora uma coisa é certa
e só falo no mundo do xadrez, nada tenho de “Velho do Restelo”, por isso o meu
amigo que me perdoe. Para ele entender o seu erro vou dar-lhe algumas
informações. Há mais mas não quero exagerar.
Uma coisa, tenho quase
a certeza, tenho andado vinte anos à frente!
Cá vai a lista!
Lancei o torneio 25 de
Abril na Marinha Grande, com nuances únicas.
Lancei o primeiro
Nacional de semi-rápidas equipas.
Elaborei o projecto dos
nacionais de equipas. Que outros abandalharam!
Fui o homem que proibiu
fumar nos torneios de xadrez. Ainda a FIDE autorizava.
Promovi a criação do
primeiro programa informático para os torneios suíços. O Protos que José Coelho
foi o pai.
Escrevi a Bíblia da
Gestão do Xadrez na A. X. Leiria, linha orientadora para as Direcções.
Tentei a criação de uma
Academia central para o distrito. O que deu origem que alguns pensassem na sua
Academia local. Eu queria uma Academia acoplada com a A. X. Leiria que
apoiassem todos os Clube e promovesse o SABER na área do xadrez.
Como muitos sabem em
Angola fundei a Academia de Xadrez de Luanda em 1973.
Tentei uma estrutura
para receitas que permitissem capacidade para o Xadrez de Leiria evoluir. Isso
partia por se criar uma Empresa em que os lucros iriam reverter a favor da
modalidade e ainda poderia criar algum posto de trabalho.
Que aconteceu? É
preciso explicar?
Além de tudo o mais,
dou aulas de xadrez a custo zero, num projecto renovador, num Colégio exemplar.
Não ando trás de
homenagens nem condecorações, nem sequer títulos. Amo o xadrez pela sua arte,
ciência, filosofia e quase sentido religioso.
Como disse um dia. Troco
qualquer título pelo Museu do Xadrez.
Encontram aqui alguma
coisa de “Velho do Restelo”? Ou será que não sabem o que quer dizer “Velho do
Restelo”?
É óbvio que alguns
camaradas andaram nestes projectos comigo, bem-haja para eles, na parte positiva
que lhes calhou, mas também alguns puseram areia na vaselina.
José Bray
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