segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Xadrez - Mega Clubes e Micro Clubes

Que interessa mais ao xadrez, existirem Mega clubes ou Micro clubes? Ou seja, por exemplo; um clube com 200 jogadores ou muitos com 10 jogadores?
Através dos tempos tenho pensado nesta questão. Como é óbvio os dois cenários são credíveis,  têm as suas vantagens e as suas desvantagens.
Pessoalmente defendo a proliferação de Micro clubes (secções) que na sequência de um projecto bem elaborado venham a  crescer. Vantagens na minha opinião: Motivação nos xadrezistas com vista a terem um lugar na equipa, formação de dirigentes, árbitros e monitores, permitindo que haja um clube em qualquer pequena povoação e nos bairros dos grandes centros populacionais, rivalidade entre clubes que levará a maior competitividade, envolvimento de mais organismos no processo de desenvolvimento da modalidade. Micro clubes, são ideais para secções de xadrez nos clubes desportivos e culturais e também nas escolas e universidades. Maior participação das comunidades locais. Desvantagens na minha opinião: Não encontro!
Durante muitas décadas para formar um clube de xadrez bastavam 8 jogadores federados, mais meia dúzia de xadrezistas e o sistema funcionava. A partir do momento em que o número de praticantes crescia em quantidade e qualidade, nascia naturalmente outro clube de xadrez, normalmente secção acoplada a outra qualquer colectividade. Conheci bem este fenómeno, sendo mesmo dinamizador do mesmo, durante a minha acção como dirigente. Assim proliferavam os clubes de xadrez.
Com o passar dos anos as regras mudaram. Antes um clube só podia ter uma equipa a jogar nos campeonatos nacionais em poule. Na taça de Portugal prova a eliminar, podia jogar com o número de equipas que quisesse e pudesse. Agora os clubes podem ter um numero indeterminado de  equipas nas provas nacionais, dentro de certas regras. Vantagens na minha opinião: Maior racionalização de meios, financeiros, competitivos e de formação. Ideal para clubes que só se dediquem ao xadrez em centros de elevada densidade populacional. Desvantagens: Fuga dos jogadores para os Mega clubes, diminuindo a qualidade nos Micro clubes, diminuição de clubes com identidade própria e menor cobertura do xadrez no espaço nacional.
Na verdade muitas vezes há necessidade de fazer acertos e alterar, mas tudo deve ser bem ponderado. Não devemos andar ao sabor de um qualquer "Xico esperto" que chega e muda por mudar.
Em certa altura do passado, os campeonatos nacionais de equipas foram estruturados para uma quantidade de clubes que nada tinha a ver com a realidade nacional. A quantidade de clubes em especial na 3ª divisão era uma megalomania. Com isso mataram as provas distritais de equipas.
Tentaram resolver a insuficiência permitindo que cada clube tivesse as equipas que quisesse e pudesse. Então nasceram os Mega clubes com quatro, cinco e seis equipas em prova. Como efeito perverso mataram uma parte dos Micro clubes.
Actualmente, os campeonatos nacionais colectivos são uma coisa sem alma nem sentido, os distritais desapareceram e a taça de Portugal está moribunda.
Na 35ª edição da taça de Portugal  ou seja esta época 2012/2013, estão inscritas 58 equipas mas os clubes  representados são só 40! Num tempo não muito longínquo jogavam a Taça cento e muitas equipas. Está tudo dito!
Convém tentar adivinhar os efeitos perversos, para os evitar.
José Bray




2 comentários:

  1. A desvantagem dos micro clubes demonstra-se na vontade dos jogadores mais tarde ou mais cedo fugirem para um mega clube! Porque será?
    Outro ponto crucial é a proliferação exagerada de micro clubes que só faz um mau serviço ao xadrez. Qualquer encarregado de educação que entre num micro clube e se depara com 8 gatos pingados a jogarem rápidas ou como acontecia no passado com a sala cheia de fumo, sem preçário de aulas e por vezes até com nomes na lista para se abrir um clube que por lá nunca apareceram! O país é pequeno e tem de se deixar de megalomanias de centenas de micro clubes a prestarem má imagem do xadrez. É preferivel termos menos mas termos em qualidade nos principais centros e só se partir para a abertura de outros clubes a partir desses mega clubes! Não entendo qual a lógica de se achar que muitos micro clubes levariam a ter mais gente e porque não a partir de estruturas maiores de mega clubes poderem aparecer outros clubes? Pelo menos, não se daria uma má imagem que na maioria das vezes é o que precisamente está na fuga de muita gente do xadrez e optava-se pela qualidade em vez da quantidade de se ter micro clubes que muitas vezes nem clubes de xadrez se deveriam chamar porque a meu ver não é só abrir portas em quantidade e dar imagem de clubes de bairro de sueca, o que só traz desprestígio ao xadrez. Respondo agora há questão inicial: Porque é que os jogadores mais tarde ou mais cedo fogem para os mega clubes? Porque é da própria natureza humana procurar evolução, uma construção melhor, abandonar o eterno amadorismo, querer um melhor xadrez, uma maior diversidade de adversários e aprender com outros mais fortes e não sempre a jogar com os mesmos gatos pingados a bater no relógio nas rapidinhas e na imagem de afugentar encarregados de educação e com isso o futuro e a não captação de jovens, porque as pessoas procuram modalidades organizadas e não clubecos de bisca ou de sueca. Agora é que vivemos no país real! Antigamente era uma ilusão que se provou não levar a lado nenhum! Serei sempre favorável aos mega clubes e no voto pela fusão dos micro clubes e do não se abrir um clube de xadrez de qualquer forma para se desprestigiar a modalidade. O problema dos micro clubes é que nunca crescem e pensar o contrário é uma ilusão. Num país tão pequeno, os clubes têm de se agregar é ás grandes cidades e centros populacionais porque se não conquistar pessoas aí, não é nas pequenas vilas ou aldeias que vão aparecer ou crescer clubes em grande número. O problema em Portugal é precisamente a divisão que impede a multiplicação! Ex: Onde se justificava por exemplo existirem 2 clubes de xadrez na Amadora? É óbvio que não e ainda por cima estamos a falar de uma cidade! Por causa disso, desapareceram! Se tivesse havido uma fusão provávelmente hoje ainda lá estaria! A divisão e o proliferar sem condições é que considero megalomania. Em mega clubes existe sempre motivação por parte dos jogadores. A ideia de motivação nos micro clubes para fazer parte da equipa só levava era a conflitos que o xadrez nacional teve em vários clubes e a uma pouco sã convivência e isso deixou de ter interesse quando os distritais passaram a ser abertos em vez de se necessitar de ficar em determinada percentagem nos internos o que por seu lado também afastou a realização com mais jogadores nos internos actuais mas nada que não se possa em termos de regulamentos internos alterar.

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  2. (cont) Depois um ponto mais grave que era abrirem-se clubes apenas para se retirar certos dividendos ou benesses de interesses junto das câmaras municipais e dessa forma acho que não pode ser de qualquer modo que se abrem locais que em muitos casos nem condições tinham e dizer-se que se é clube de xadrez! Xadrez em clubes desportivos e culturais acaba sempre a ser um género de clube de bridge anexo ao clube de ténis que no fundo nunca é conhecido como tal pois é apenas um apêndice do futebol ou algo mais que o centro cultural pratica, junto com damas, bridge etc e grande projecção ou futuro nunca vai ter porque o país é pequeno e é precisamente o contraste dos mega clubes que pode dar um abanão. Quanto ás universidades em Portugal, elas não querem nada com o desporto em geral porque tudo está vocacionado para o mundo laboral de 12h ou mais e para o casa-trabalho e nada mais e por isso nunca existe desporto nas universidades a sério enquanto lá fora já se dá valor a quem pratica desporto por saberem que rende mais como trabalhador mas aqui essa lógica não interessa. Se o xadrez não atrair novas pessoas para os mega clubes que estejam bem organizados e com preçário de aulas á porta e boa organização para convencerem um qualquer encarregado de educação a ficar com uma imagem positiva da modalidade, nada mais o conseguirá. Acho importante a psicologia de se perceber a mentalidade daquilo que as pessoas possam buscar ou aceitar e creio que falta ao xadrez até hoje uma imagem de marketing que passa desde logo pela organização. Como se costuma dizer, uma imagem vale por mil palavras! O xadrez para se implantar e criar raízes em Portugal tem de ter marketing, saber vender a imagem, ter organização e deixar-se de amadorismos e imagens negativas que só afastam pessoas e matam a modalidade. Observar por exemplo países pequenos iguais ao nosso como a Holanda. Por muitas voltas que se dê, é sempre preciso ter em conta a opinião dos xadrezistas e saber o que as pessoas querem. Porque fogem as pessoas para os mega clubes? Porque é isso que querem! Querem mais e melhor organização, melhor imagem da modalidade. Outro problema que nada tem a ver com os clubes é o modelo futeboleiro das competições e o xadrez tem de ter é personalidade própria e não seguir o triste futebol. A taça de Portugal é exemplo disso mesmo. Para que servem também dois ou mais clubes na mesma localidade sempre condenados a não crescer e a ter sempre aquele número de jogadores e a darem má imagem da modalidade quando se podiam fundir e agregar mais pessoas em vez de as afastarem? Creio que a lógica dos pequenos clubes está moribunda e nunca teve pernas para andar e a própria história o provou. Quanto ao modelo das competições, pode e deve é ser alterado tendo em conta mega clubes em torno das grandes cidades e centros populacionais de norte a sul, pois só com a conquista e implantação e o criar de raízes sólidas aqui é que a modalidade pode ganhar bases sérias, caso contrário a imagem para o público é sempre de micro tascas de sueca. Em Portugal a mentalidade das pessoas é de quererem tudo em grande! Conquistem as grandes cidades que as vilas e aldeias caem todas umas atrás das outras. O contrário é que é altamente improvável.

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