quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Academia de Xadrez de Luanda

Em mil novecentos e setenta e três foi fundada em Luanda uma instituição exemplar, a Academia de Xadrez de Luanda, com sede no Bairro de Alvalade na rua do cinema Avis. Os principais mentores desse projecto foram; João Palma e José Bray, a estes juntaram-se o Franco (oculista) e o Daniel Silva, um para ajudar financeiramente o outro para fazer recados. Depois de imediato começaram a aparecer xadrezistas a apoiarem. Na época do match Spassky/Fischer 1972, para o título mundial, o xadrez na capital angolana, jogava-se nos cafés, esplanadas, hotéis e clubes de prestígio, Nuno Álvares, Clube dos Caçadores, Antigos Estudantes de Coimbra, Clube Transmontano, Clube da Junta Autónoma de Estradas, etc. O pessoal reclamava pela independência da modalidade, sempre sujeita aos caprichos das entidades que permitiam a sua prática nas suas instalações. É famosa a frase do Carlos Oliveira, génio da modalidade e último campeão de Angola Colonial em 1974. – Se houvesse um padrinho rico que nos oferecesse uma sala. – Todos concordaram, menos eu e o Palma. Se queríamos condições era preciso trabalhar para isso. E foi assim que tudo começou! A ideia inicial era um banal clube autónomo de Xadrez. Nessa altura propus que a visão fosse mais ampla e por isso criar uma Academia. Houve alguma resistência, diziam ser demasiado pretensioso. Mas com argumentos válidos convenci toda a oposição, tais como. Primeiro, a Academia tinha a função de ensinar, segundo, a Academia iria coordenar o xadrez de Angola, terceiro, na Academia iam estar os mestres de Luanda. Todos concordaram. Escreveram-se os estatutos, diga-se de passagem, exemplares. Alugou-se um estabelecimento para sede e que foi apetrechada com mesas e cadeiras assim como um bar. O mobiliário foi em grande parte adquirido e pago por Bray e Palma. Era necessário um emblema, calhou-me a honra de o criar. A Academia de Xadrez de Luanda era uma realidade. A partir daí todos os dias havia mais sócios, pagando uma quota de cem angolares, o movimento era intenso. Na Academia disputou-se o Distrital de Luanda em 1973 e 1974, o campeonato de Angola de 1973 e 1974 e o grande Torneio Angola Livre em 1975. Após a descolonização a sede passou para a Brito Godins junto à Maianga. Após a independência o poeta António Jacinto, Ministro da Educação, enviou uma carta à Academia, louvando o nosso trabalho e oferecendo o apoio do Governo para tudo o que fosse necessário. Mais tarde a Academia de Xadrez de Luanda foi integrada na Federação de Xadrez de Angola.

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