terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Xadrez e o Poder

Para nos situar, vou transcrever um texto inserido num trabalho sobre a Academia de Xadrez de Luanda, é uma história verídica passada em Luanda no ano de 1972.


Um dia, decorria o ano de mil novecentos e setenta e dois, Angola foi visitada por um
Secretário do Ministério que titulava a Cultura e o Desporto, um senhor barrigudo vindo do “Puto” (Metrópole), nas visitas regulares de controlo.
A rapaziada do Xadrez conseguiu chegar à fala e pediu uma reunião. O tema foi o pedido de ajuda para se fomentar o xadrez na colónia. Resposta do Secretário barrigudo.
-Meus amigos, tenho muita pena mas o Estado Português não apoia desportos de azar!
Isto foi real! Por minha honra!
Gargalhada geral… Ainda hoje ecoa por todo o continente negro…


Com as devidas proporções, esta anedota é demonstrativa da falta de apetência do Poder pelo Xadrez antes do 25 de Abril. O embate Leste/Oeste, protagonizado por Spassky e Fischer, URSS/EUA, acordou um pouco as consciências mas foi sol de pouca duração. Após a Revolução, aí sim, houve um investir forte. Durou uns anos tantos como os ideais de alguns revolucionários, caindo na portuguesa apatia do costume. Acabou o século XX, entrou o XXI e já lá vão dez anos, o Xadrez continua a ser desprezado pelo Poder. Não interessa os homens, sejam de esquerda ou de direita, não interessa os partidos, todos têm feito o mesmo. O Xadrez não dá votos, o Xadrez não dá dinheiro, o Xadrez não dá penacho! Mas o Poder está enganado, no interesse colectivo o Xadrez tem muito para dar, leiam o que se diz das virtudes do Xadrez, texto inserido neste blog. Pensam que o Xadrez só é útil para desenvolver o raciocínio (só este aspecto era suficiente para apoiarem mais esta ciência e esta arte), mas o Xadrez é muito mais. Quero acabar por agora com esta afirmação. Se apoiassem mais os Xadrez nas camadas jovens, gastavam menos para combater a droga e havia mais rendimentos nas escolas de Portugal!

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