terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Nascer de uma flor

Nascer de uma flor
É tarde,
A cidade está apática,
Ninguém sabe que fazer.
É tarde,
As portadas se fecham,
E as almas também.
É tarde,
Os adultos têm medo,
E as crianças também.
É tarde,
Recomeça o ribombar,
Tiroteio para o ar.
É tarde,
A morte anda na rua,
Com apetite insaciável.
É tarde,
O povo vegeta,
Uma menina nasce.
É tarde,
Brilha uma luz no andar,
Há um bebé a chorar.
É tarde,
Mas chegou pontual,
A menina de seu pai.
É tarde,
Mas chegou perfeita,
A menina de sua mãe.
É tarde,
Mas chegaste na hora,
Minha menina amada!
28/6/2015
José Bray
Nota: a 28 de Junho de 1976, primeiras horas da madrugada, nascia minha filha Isa. Noite de Luanda, noite de terror! Recolher obrigatório, noite de tiroteio, cidade estropiada e aterrorizada.



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