sábado, 14 de junho de 2014

Xadrez - Sistema Suiço




Xadrez – Sistema Suíço
No xadrez, havia um problema na organização das provas, difícil de ultrapassar. Ou seja. Que fórmula usar para disputar os torneios com muitos jogadores inscritos? Mas de forma que todos jogassem da primeira à última jornada, e também de modo que as competições não se prolongassem excessivamente no tempo.
Havia três fórmulas:
A – Todos contra todos. Sem duvida o sistema mais justo. Mas impraticável para quantidade de participantes. Para oito xadrezistas, dez, doze, muito bem. Mas para trinta, sessenta, cem, duzentos, seiscentos? Obviamente impraticável. Em Luanda disputei torneios com dezasseis jogadores, foi o máximo. Era quinze dias a jogar no duro. Hoje ninguém tem vida para isso a não ser alguns profissionais.
B – Por séries. Sistema já muito usado e uma boa solução ainda. Mas tendo como inconveniente a limitação, porque só alguns poderão jogar as partidas todas.
C – Por eliminatórias. Este sistema só tem alguma lógica para provas tipo Taça de Portugal por equipas, ou similar.  Após a primeira sessão, metade fica de fora e após a segunda só 25% dos participantes estão em prova. Por tudo isto, este sistema cada vez mais caiu em desuso
O xadrez é uma modalidade em que podem aparecer muitos atletas a quererem competir, o que é excelente. Como podemos então pôr todos a jogar a prova, competindo em todas as jornadas e com objectivos na classificação geral?
Por isso:
Alguém no passado pensou no problema puxou pela cabeça e assim nasceu a quarta fórmula o “Sistema Suíço”.
Suíço porquê? Simples, o senhor que o inventou no século XIX era suíço de seu nome Julius Muller, foi usado pela primeira vez em Zurique num torneio de xadrez. Por isso ficou designado Sistema Suíço, nada mais justo.
Este sistema passou a ser usado em inúmeras modalidades entre elas as Damas, o Bridge e o Gamão.
Durante algumas dezenas de anos, o trabalho organizativo era elaborado através de fichas o que dava imenso trabalho. Para o fim do século XX apareceram os suportes informáticos e tudo se simplificou. Em Portugal o primeiro programa criado foi o Protos da autoria do José Coelho e foi testado num torneio 25 de Abril da Marinha Grande. Nessa época o Coelho era estudante na Escola Secundária da cidade vidreira, mas já era um génio da informática. Hoje é professor no Técnico.
Então temos:
D – Sistema Suíço. Esta é então a quarta fórmula de organizar provas de xadrez. A mais usada especialmente nos torneios individuais.
Como todos sabem, este sistema tem um rigoroso regulamento, por princípio ninguém deve fugir ao cerne fundamental do Suíço. Para alguns pontos há opções, mas estão devidamente regulamentadas.
Regras fundamentais do Sistema Suíço: a)- nenhum xadrezista poderá jogar com o mesmo adversário duas vezes, b)- os xadrezistas sempre que possível terão de jogar com adversários com a mesma pontuação, c)- sempre que possível haverá alternância nas cores, d)- um jogador não poderá voltar a subir ou descer no grupo pontual, desde que haja alternativa, e)- quando a numero de participante for ímpar, um jogador não poderá ficar de fora mais que uma vez, f)- na primeira sessão os jogadores serão ordenados pelo seu rating ou seja a lista elo. g)- os desempates obedecerão a uma das opções da escolha da organização do torneio, h)- o número de sessões de uma prova no Sistema Suíço, deve ser a raiz quadrada mais um. Ou seja se forem 100 jogadores as sessões deverão ser 10+1=11.
Penso que referi os aspectos fundamentais do sistema suíço. Um sistema com algumas falha de objectivo mas que permite organizar torneios que chegam a ter centenas de jogadores.
Agora vem a razão porque escrevi este texto.
Os organizadores das provas, seja a Federação Portuguesa de Xadrez, sejam as Associações Distritais, sejam os Clubes, sejam outras Entidades, ou simples organizadores individuais, todos cometem uma agressão ao Sistema Suíço. Reduzem o número de sessões, caindo muitas vezes no ridículo.
Porque o fazem? São burros? Claro que não! Fazem-no por razões financeiros e de tempo. A vida cada vez está mais acelerada e o dinheiro anda escasso. Mas daí até ao direito de desvirtuarem o Sistema Suíço, vai uma distância enorme.
É uma aberração fazer torneios de cinco sessões com sessenta jogadores a competir, ou sete sessões para quantidades acima de cem jogadores.
Se um qualquer organismo privado em prova privada faz essa aberração, quem quer come, quem não quer não come. Mas nas provas oficiais não aceito tal situação.
Não há bela sem senão! Na verdade alguma coisa tem de ser sacrificada, mas nunca a verdade desportiva. Ou não se aceitam inscrições a mais, ou então aumentam-se o número das sessões diárias. A redução do número de sessões? Nunca no Sistema Suíço!
José Bray, 14/6/2014





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