Xadrez – Sistema Suíço
No xadrez, havia um
problema na organização das provas, difícil de ultrapassar. Ou seja. Que
fórmula usar para disputar os torneios com muitos jogadores inscritos? Mas de
forma que todos jogassem da primeira à última jornada, e também de modo que as
competições não se prolongassem excessivamente no tempo.
Havia três fórmulas:
A – Todos contra
todos. Sem duvida o sistema mais justo. Mas impraticável para quantidade de
participantes. Para oito xadrezistas, dez, doze, muito bem. Mas para trinta,
sessenta, cem, duzentos, seiscentos? Obviamente impraticável. Em Luanda
disputei torneios com dezasseis jogadores, foi o máximo. Era quinze dias a
jogar no duro. Hoje ninguém tem vida para isso a não ser alguns profissionais.
B – Por séries.
Sistema já muito usado e uma boa solução ainda. Mas tendo como inconveniente a
limitação, porque só alguns poderão jogar as partidas todas.
C – Por
eliminatórias. Este sistema só tem alguma lógica para provas tipo Taça de
Portugal por equipas, ou similar. Após a primeira
sessão, metade fica de fora e após a segunda só 25% dos participantes estão em prova.
Por tudo isto, este sistema cada vez mais caiu em desuso
O xadrez é uma
modalidade em que podem aparecer muitos atletas a quererem competir, o que é excelente.
Como podemos então pôr todos a jogar a prova, competindo em todas as jornadas e
com objectivos na classificação geral?
Por isso:
Alguém no passado
pensou no problema puxou pela cabeça e assim nasceu a quarta fórmula o “Sistema
Suíço”.
Suíço porquê? Simples,
o senhor que o inventou no século XIX era suíço de seu nome Julius Muller, foi
usado pela primeira vez em Zurique num torneio de xadrez. Por isso ficou
designado Sistema Suíço, nada mais justo.
Este sistema passou a
ser usado em inúmeras modalidades entre elas as Damas, o Bridge e o Gamão.
Durante algumas dezenas
de anos, o trabalho organizativo era elaborado através de fichas o que dava
imenso trabalho. Para o fim do século XX apareceram os suportes informáticos e
tudo se simplificou. Em Portugal o primeiro programa criado foi o Protos da autoria
do José Coelho e foi testado num torneio 25 de Abril da Marinha Grande. Nessa
época o Coelho era estudante na Escola Secundária da cidade vidreira, mas já
era um génio da informática. Hoje é professor no Técnico.
Então temos:
D – Sistema Suíço.
Esta é então a quarta fórmula de organizar provas de xadrez. A mais usada
especialmente nos torneios individuais.
Como todos sabem, este
sistema tem um rigoroso regulamento, por princípio ninguém deve fugir ao cerne
fundamental do Suíço. Para alguns pontos há opções, mas estão devidamente
regulamentadas.
Regras fundamentais do
Sistema Suíço: a)- nenhum xadrezista poderá jogar com o mesmo adversário duas vezes, b)- os xadrezistas sempre que possível terão de jogar com adversários com a mesma
pontuação, c)- sempre que possível haverá alternância nas cores, d)- um jogador não
poderá voltar a subir ou descer no grupo pontual, desde que haja alternativa, e)- quando a numero de participante for ímpar, um jogador não poderá ficar de fora
mais que uma vez, f)- na primeira sessão os jogadores serão ordenados pelo seu
rating ou seja a lista elo. g)- os desempates obedecerão a uma das opções da
escolha da organização do torneio, h)- o número de sessões de uma prova no Sistema Suíço,
deve ser a raiz quadrada mais um. Ou seja se forem 100 jogadores as sessões
deverão ser 10+1=11.
Penso que referi os
aspectos fundamentais do sistema suíço. Um sistema com algumas falha de
objectivo mas que permite organizar torneios que chegam a ter centenas de
jogadores.
Agora vem a razão
porque escrevi este texto.
Os organizadores das
provas, seja a Federação Portuguesa de Xadrez, sejam as Associações Distritais,
sejam os Clubes, sejam outras Entidades, ou simples organizadores individuais,
todos cometem uma agressão ao Sistema Suíço. Reduzem o número de sessões,
caindo muitas vezes no ridículo.
Porque o fazem? São
burros? Claro que não! Fazem-no por razões financeiros e de tempo. A vida cada
vez está mais acelerada e o dinheiro anda escasso. Mas daí até ao direito de desvirtuarem
o Sistema Suíço, vai uma distância enorme.
É uma aberração fazer
torneios de cinco sessões com sessenta jogadores a competir, ou sete sessões
para quantidades acima de cem jogadores.
Se um qualquer
organismo privado em prova privada faz essa aberração, quem quer come, quem não
quer não come. Mas nas provas oficiais não aceito tal situação.
Não há bela sem senão!
Na verdade alguma coisa tem de ser sacrificada, mas nunca a verdade desportiva.
Ou não se aceitam inscrições a mais, ou então aumentam-se o número das sessões
diárias. A redução do número de sessões? Nunca no Sistema Suíço!
José Bray, 14/6/2014
mas.. quem ganha? num sistema suiço com 11 rodadas, quem ganha no final?
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