Vou
falar dos nacionais de veteranos de 2013 em xadrez. Não vou falar da minha
prestação competitiva que pouco interessa para a estória, tentarei dar uma
imagem interessante à narrativa, se para tal me der o engenho e a arte.
As
provas foram disputadas em Fátima num hotel com excelentes instalações, mas por
outro lado a alimentação foi fraca. Estive para propor ao gerente dar um curso
de culinária aos cozinheiros porque os erros de confecção foram muitos,
salvando-se os pequenos-almoços. Fiquei admirado não haver WC no piso 0
(recepção, restaurante e bar) nem uma simples instalação para lavar as mãos.
Todo o pessoal do hotel foi bastante simpático, é justo dizê-lo. Foi pena que o
café no bar custasse 1,25€, mas no exterior a pouco mais de vinte metros era
excelente, barato e o patrão patusco.
As
provas foram disputadas na cave num salão com condições, excepto talvez um
pouco de falta de ar puro, ainda bem que é proibido fumar no xadrez. Para
muitos a luz artificial é um handicap, mas era realmente boa assim como a ausência de barulhos. Resumindo, as mesas eram ideais, as cadeiras também, só faltavam os
braços para os sonolentos descansarem, os tabuleiros e peças como manda a
sapatilha. Todas as doze partidas vezes sete jornadas = a oitenta e quatro
jogos foram transmitidas pela Net. Uma pintarola, que mais querem os velhinhos?
Que ninguém se ofenda, mas alguns são-no e os outros para lá irão.
Paralelamente
houve uma organização Carlos Carneiro com um FIDE e um Semi-rápidas, o mestre
Fróis também levou a efeito um curso de formação.
A
arbitragem esteve nos nacionais a cargo de Altino Costa e Ilda Miranda que
mostraram competência e acima de tudo muito tacto! Estes não são do apito
dourado…
Foi
realmente muito bom estar entre tantos amigos alguns que conheço há cerca de
trinta e cinco anos e o Augusto Dias há mais de quarenta, dos tempos gloriosos
de África. Senti muitas saudades da não presença do Tarira e do Loureiro que
devem estar lá não sei onde a jogar o xadrez com paixão.
O
nacional de veteranos pode ser realizado em qualquer época do ano por razões
óbvias, com isso é possível angariar condições de excepção nos hotéis. Sabemos
que haverá sempre alguém a dizer que a época não lhe convém, mas será sempre
uma questão de opção de cada um. A crise é muita e temos neste caso de
aproveitar essa infelicidade para a sociedade, vou dar um exemplo, mesmo em
Fátima é possível um bom hotel por 20€/noite duplo, refeições a 6,50€, ou seja
por 23€/dia vezes cinco dias = 115€ no total. Claro que não sou mais esperto
que os outros, mas temos de estar de olho aberto.
Foi
muito boa a ideia da Federação Portuguesa de Xadrez organizar as três provas,
rápidas, semi-rápidas e clássicas no mesmo local e em sequência. Sem dúvida que
mostra lucidez de quem manda, temos de concordar que o jovem tem esperto na
cabeça.
Na
minha opinião, como acontece nos jovens, devia haver vários níveis etários nos
veteranos, um jogador de 60 anos nada tem a ver com um de 80 ou mais. Por outro
lado lado não compreendo porque razão uma mulher é veterana aos 50 (uma jovem)
e os homens são veteranos aos 60? Os veteranos deviam de começar
todos aos 50 e mudando de escalão de dez em dez anos. Isto ou coisa parecida.
Será instruções da FIDE ou cada federação faz à sua maneira?
Mas
afinal de que mais gostei? Gostei acima de tudo das longas conversas tidas com
alguns, gostei de conversar do meu Benfica com o Lavrador, gostei do espírito
de humor do Solha uma obra de arte, gostei da delicadeza do Videira e da sua
bonita companheira, gostei de conversar com o Júlio Santos um senhor. Gostei da
estória do Augusto Dias que veio reencontrar neste campeonato a filha do seu
antigo chefe. Compreendi muito bem a sua emoção porque isso já me aconteceu
algumas vezes na vida. Claro, gostei de todas as polémicas que se travaram
entre todos.
A
Federação está de parabéns por este evento, mas não se esqueçam que tão
importante é o primeiro como o último, que tão importante é o miúdo como o
velho! Se não entenderem eu explico com calma!
Meus
amigos, ando no xadrez por paixão, como em tudo na vida. Como dizia o meu amigo
Tarira e eu próprio, o xadrez é competição, ciência, arte, filosofia e quem se
sabe se não é uma religião para muitos.
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