Era uma vez uma porca que vivia em solidão no seu habitat. Não era grande nem pequena, mas assim-assim. Um belo
exemplar com tudo no sítio, seja no alinhamento das dimensões como na qualidade
do produto. Luzia o olho a quem a visse e era a inveja das outras porcas.
Contudo, vivia triste por não ter um companheiro: – Mas afinal para que sirvo
eu? Interrogava-se ela.
O tempo ia passando, e nada
acontecia de especial na vida da porca, aos poucos foi perdendo o seu brilho, a
velhice tomava conta do seu corpo e ela sentia-se a enferrujar. As outras porcas
que também ocupavam o seu habitat iam partindo, fossem grandes ou pequenas,
nenhuma lá ficava, se eram felizes ou não, ela também não sabia, mas lá iam à
vida, sempre era uma mudança.
O seu velho dono, nem para ela
olhava quanto mais tocar no seu corpo. Quando aparecia levava uma das
companheiras, por vezes duas, e houve um dia que até levou, logo, meia dúzia e todas
da mesma qualidade.
Até que um dia o idoso partiu
para a quinta das tabuletas, um novo dono apareceu, por sinal um simpático rapaz. A
bela porca sentiu renascer a esperança em algo: – Será que a minha vida vai, agora, mudar?
O tempo continuou a passar e nada
acontecia que merecesse a pena ser contado, exceptuando a tristeza que a porca
sentia dia após dia, cada vez mais velha e mais enferrujada. Mas um dia há
sempre um dia…
Era uma noite de lua nova, nada
se via dentro do velho armazém, no seu canto, porca desperta e infeliz revia o seu triste fadário.
Foi então que o portão se abriu
muito de mansinho para não haver barulhos, e um homem pequeno e gordo de lanterna na mão entrou devagar dirigindo-se ao habitat onde a porca, muito encolhida tremia de frio mas também de excitação, estava a acontecer uma aventura, uma coisa diferente dos
outros dias.
– Aqui está o que eu queria, esta porca vem mesmo a calhar! Conforme entrou o homem saiu, tendo o cuidado de não dar nas vistas. Por sua vez a bela porca ia feliz, chegara o dia de partir.
– Aqui está o que eu queria, esta porca vem mesmo a calhar! Conforme entrou o homem saiu, tendo o cuidado de não dar nas vistas. Por sua vez a bela porca ia feliz, chegara o dia de partir.
Mas mais feliz ficou, quando dias
depois o homem pequeno e gordo, introduziu no buraco da porca um parafuso feito
do mais fino metal. Porca e parafuso enroscaram bem e foram felizes muitos
anos!
Alberto Pereira de Castro
Este meu amigo, Alberto Pereira de Castro tem cada ideia que nem lembra ao diabo.
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