Pois é, o Carlos Quaresma deixou-nos fisicamente! A sua alma apagou-se ontem dia sete de Julho. Hoje a matéria foi depositada num cemitério de Leiria, mas não é lá que está o nosso amigo "House", alcunha carinhosamente colada por nós. Ficará vivo na memória dos amigos do Xadrez até um de nós existir. Conheci bem esta cativante e complicada personagem. Homem irreverente, corrosivo, anarquista em tudo, mas grande humanista e brilhante inteligência. Jogador de Xadrez de primeira, era mesmo um cientista da modalidade. Bray, Cordeiro, Quaresma e mais um, percorrreram Portugal durante vinte anos representando o Xadrez da Marinha Grande. O nosso amigo tinha uma memória de dois elefantes, decorando sem dificuldade centenas de partidas. Mas o Carlos Quaresma era uma inadaptado, sem qualquer noção das coisas práticas da vida. A sua agressividade era derivada da sua timidez. Quantas vezes, nessas alturas o mandei à merda e ele começava a rir...
Comecei a lidar com ele em oitenta e três, já nessa altura senti nele uma necessidade de auto-destruição, tendência que se veio a agravar ano após ano. Com a doença os últimos anos foram de sofrimento e o fim pressentia-se breve. mesmo assim foi um choque para todos nós. O Xadrez ficou mais pobre e nós também. Até sempre refilão!
José Bray
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