Visitantes
Nestes dias de Agosto de calor intenso com o país a arder
torna-se difícil estar deitado quanto mais dormir.
Bem cedo fui até á varanda para tentar apanhar o fresco da
madrugada, que afinal não havia. Havia sim uma atmosfera com fumo ou poeiras à
mistura que dificultavam a respiração. Que porcaria de tempo; pensei!
Então vi:
Uma camioneta grandona, fechada, toda pintada de branco,
aproximando-se devagar do meu bairro.
Parou defronte da minha residência.
Por um lado fiquei a pensar se seria uma ambulância, por
outro se seria um carro para transporte de prisioneiros; talvez de um
manicómio.
De dentro do autocarro saíram dois homens e uma mulher, os
três vestidos de branco. Tudo era branco dos pés à cabeça, incluindo o cabelo.
Vieram bater à minha porta. Achei tudo muito estranho e
fiquei de pé atrás. Inquiri:
--Que desejam?
--Viemos buscá-lo e à família para fazer uns testes a que a
lei obriga.
--Mas que lei?
--A nossa lei e nada de mais perguntas.
Entretanto minha família tinha saído dos quartos e estava nas
minhas costas. Todos com ar receoso.
Um dos homens, aquele que parecia mandar, avançou para mim e
tentou agarrar-me. Recuei e ele avançou…
Comecei a bracejar e a tentar agredir o homem de bata branca
sem botões.
Não consegui agredir o seu corpo, pois a minha fúria
trespassava a imagem e ele nem reagia. Continuei a dar murros e pontapés, mas
nada causava efeito.
--São fantasmas pai! - Disse a minha filha.
Pensei. – Sim. São fantasmas, não há dúvida.
A minha mente trabalhou veloz. Disse à minha família que
amedrontada de agarrava a mim.
--Não se mexam que eles não podem fazer nada. Fechem os
olhos, só abram quando eu disser. Tentem não pensar em nada.
Mulher, filha e neto assim fizeram.
Por minha vez, fiquei imóvel, mas de olhos bem abertos. Fixei
intensamente os fantasmas.
Assim estivemos vinte minutos. Foi então que aconteceu.
Os fantasmas sentiram-se derrotados e num ápice explodiram
como bolhas de sabão. Tudo voltou ao normal.
--Podem abrir os olhos!
Assim fizeram os meus e acabámos todos abraçados!
5/8/2018 – JB
Nota: Este conto baseia-se num sonho onde entrei na noite de
4 para 5 de Agosto de 2018
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