Xadrez de Leiria, no bom caminho!
Meus amigos, dizem que sou muito acutilante nas minhas análises, dizem que sou demasiado crítico e que tenho a mania que ensino toda a gente. Até há quem diga que sou um velho do Restelo.
Portugal faz hoje 5 de Outubro 870 anos. O Tratado de Zamora foi um diploma resultante da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão e Castela. Celebrado a 5 de Outubro de 1143, esta é considerada como a data da independência de Portugal e o inicio da dinastia Afonsina.
Digam lá se isto tudo não é uma ironia?
Mas voltemos ao xadrez…
Ontem, 5 de Outubro a Direcção da Associação de Xadrez de Leiria, reuniu na sede dos Corvos do Lis, na capital do Distrito. Fiquei satisfeito com a dinâmica demonstrada nesta sessão de trabalho.
Quero dizer que o Distrito de Leiria sempre teve uma acção muito positiva no xadrez nacional, isto desde o longínquo ano de 1976, mais ano menos ano. Núcleos nasceram, núcleos morreram, torneios nasceram, torneios morreram. O epicentro mudou diversas vezes de posição. Mas uma forte dinâmica sempre se fez sentir.
Tudo isto se deve ao trabalho de muitos. Não interessa aqui se gosto ou não das pessoas, trata-se de fazer justiça e ser leal à verdade.
Não vou falar de jogadores nem de campeões, refiro-me a pessoas que contribuíram para a tal dinâmica de que falo. Muitos para além do tempo retirado de suas vidas, ainda o dinheiro que gastaram, alguns inclusive criando problemas na sua vida pessoal.
No tempo mais antigo, temos pessoas como o saudoso José Manuel Almeida, o Serrano, o Victor Cardoso, o tosco Valbom, José Martins Saraiva, António Mamede Diogo, o meu querido amigo João Duarte Santos e mais alguns que no momento não me recordo, porque a memória me atraiçoa.
Mais tarde, pouco, diga-se de passagem, apareceram o Carlos Oliveira Dias, Carlos Quaresma, Germano do Mar, José Cavadas, Júlio Flores, Álvaro Gonçalves, António Curado, etc. Mais recente José Lopes, Carlos Baptista, Rui Feio, Samuel Tonel, Jorge Barrento, Rui Silva, Ricardo Pais, Lima Santos, etc. Agora apareceu o Gonçalo Francisco.
Mas vamos falar do momento actual. Relativo ao passado, para efeitos históricos, faço um desafio a todos que ainda por cá andam que façam a sua parte e contribuam para a história colectiva.
A Associação de Xadrez de Leiria é daquelas que mais mexe, e sabem porquê? Porque tem gente que faz por isso. Tanto na área institucional como na área da iniciativa privada. Neste momento tem uma Direcção que mexe! Como presidente da mesa de assembleia-geral, tudo farei para essa dinâmica não parar.
94
Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando.
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou de experto peito:
Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando.
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou de experto peito:
95
-“Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castIgo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
96
-“Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios
Chamam-te Fama e Glória soberana
Nomes com quem se o povo néscio engana!
-“Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castIgo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
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-“Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios
Chamam-te Fama e Glória soberana
Nomes com quem se o povo néscio engana!
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-“A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente
Que promessas de reinos, e de minas
D’ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias?
-“A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente
Que promessas de reinos, e de minas
D’ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias?
Os Lusíadas, Canto IV
Eu explico, acutilante, sou! Já tentaram trabalhar com uma faca de corte cego? Só serve para cortar manteiga ou espalhar patê (graxa). Criticar, não é maldizer, é analisar e tentar ser honesto. Velho do Restelo não sou…
Ontem 5 de Outubro, aniversário da implantação da República, dia que deixou de ser feriado devido à inteligência dos nossos (in)competentes governantes. Mas o mais trágico é que 5 de Outubro foi o dia que oficialmente Portugal nasceu.
Eu explico, acutilante, sou! Já tentaram trabalhar com uma faca de corte cego? Só serve para cortar manteiga ou espalhar patê (graxa). Criticar, não é maldizer, é analisar e tentar ser honesto. Velho do Restelo não sou…
Ontem 5 de Outubro, aniversário da implantação da República, dia que deixou de ser feriado devido à inteligência dos nossos (in)competentes governantes. Mas o mais trágico é que 5 de Outubro foi o dia que oficialmente Portugal nasceu.
Portugal faz hoje 5 de Outubro 870 anos. O Tratado de Zamora foi um diploma resultante da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão e Castela. Celebrado a 5 de Outubro de 1143, esta é considerada como a data da independência de Portugal e o inicio da dinastia Afonsina.
Digam lá se isto tudo não é uma ironia?
Mas voltemos ao xadrez…
Ontem, 5 de Outubro a Direcção da Associação de Xadrez de Leiria, reuniu na sede dos Corvos do Lis, na capital do Distrito. Fiquei satisfeito com a dinâmica demonstrada nesta sessão de trabalho.
Quero dizer que o Distrito de Leiria sempre teve uma acção muito positiva no xadrez nacional, isto desde o longínquo ano de 1976, mais ano menos ano. Núcleos nasceram, núcleos morreram, torneios nasceram, torneios morreram. O epicentro mudou diversas vezes de posição. Mas uma forte dinâmica sempre se fez sentir.
Tudo isto se deve ao trabalho de muitos. Não interessa aqui se gosto ou não das pessoas, trata-se de fazer justiça e ser leal à verdade.
Não vou falar de jogadores nem de campeões, refiro-me a pessoas que contribuíram para a tal dinâmica de que falo. Muitos para além do tempo retirado de suas vidas, ainda o dinheiro que gastaram, alguns inclusive criando problemas na sua vida pessoal.
No tempo mais antigo, temos pessoas como o saudoso José Manuel Almeida, o Serrano, o Victor Cardoso, o tosco Valbom, José Martins Saraiva, António Mamede Diogo, o meu querido amigo João Duarte Santos e mais alguns que no momento não me recordo, porque a memória me atraiçoa.
Mais tarde, pouco, diga-se de passagem, apareceram o Carlos Oliveira Dias, Carlos Quaresma, Germano do Mar, José Cavadas, Júlio Flores, Álvaro Gonçalves, António Curado, etc. Mais recente José Lopes, Carlos Baptista, Rui Feio, Samuel Tonel, Jorge Barrento, Rui Silva, Ricardo Pais, Lima Santos, etc. Agora apareceu o Gonçalo Francisco.
Mas vamos falar do momento actual. Relativo ao passado, para efeitos históricos, faço um desafio a todos que ainda por cá andam que façam a sua parte e contribuam para a história colectiva.
A Associação de Xadrez de Leiria é daquelas que mais mexe, e sabem porquê? Porque tem gente que faz por isso. Tanto na área institucional como na área da iniciativa privada. Neste momento tem uma Direcção que mexe! Como presidente da mesa de assembleia-geral, tudo farei para essa dinâmica não parar.
Temos o Museu do Xadrez Álvaro Gonçalves em Figueiró dos Vinhos, projecto fundamental para quem tenha a paixão pela arte de Caissa, uma utopia realizada. Temos um projecto de dimensão impar no Concelho de Alcobaça assim como outro nas Caldas da Rainha. Não esquecer o projecto de formação em Figueiró dos Vinhos. Temos os Corvos do Lis, algo que há muito desejava na cidade de Leiria. Temos uma lança metida no Louriçal e outra na Colectividade da Charneca, isto no concelho de Pombal. Temos um projecto no Rio Seco. Temos um projecto especial, num Colégio dirigido por freiras. Temos o Bombarral como actual capital, com toda a força de duas equipas, sede da AXL e muitos projectos no horizonte. Temos torneios que nunca mais acabam! Temos o mais importante árbitro de Portugal. Temos o mais impetuoso dirigente do país. Temos alguns filósofos. Temos de tudo, até alguns difíceis de colaborar. Temos até um velho do Restelo!
Temos até um projecto de grande mérito, nascido da alma do nosso António Mamede Diogo, em que os beneficiados traíram com a sua ilógica saída do nosso distrito! Considero ter sido uma atitude imbecil. Ainda por demais sendo um contencioso entre o seu projecto e o clube que ele representou mais de vinte anos com dignidade e humildade e perante uma amizade tão sólida, entre ele e o meu querido amigo João Duarte Santos. Patetas!
Por todas estas razões que fui apresentando, não me foi possível recusar o pedido para ser o coordenador do xadrez jovem no Distrito de Leiria. Prometo utilizar a minha capacidade nessa tarefa!
Muita coisa ficou omissa neste texto, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia. Escrever dá-me gozo, razão do meu blogue, por isso por cá andarei se tiver arte e engenho.
Posso dizer, é que estou feliz com o andar da carruagem.
Força rapazes!
Comeira, 6 de Outubro de 2013
José Bray
Temos até um projecto de grande mérito, nascido da alma do nosso António Mamede Diogo, em que os beneficiados traíram com a sua ilógica saída do nosso distrito! Considero ter sido uma atitude imbecil. Ainda por demais sendo um contencioso entre o seu projecto e o clube que ele representou mais de vinte anos com dignidade e humildade e perante uma amizade tão sólida, entre ele e o meu querido amigo João Duarte Santos. Patetas!
Por todas estas razões que fui apresentando, não me foi possível recusar o pedido para ser o coordenador do xadrez jovem no Distrito de Leiria. Prometo utilizar a minha capacidade nessa tarefa!
Muita coisa ficou omissa neste texto, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia. Escrever dá-me gozo, razão do meu blogue, por isso por cá andarei se tiver arte e engenho.
Posso dizer, é que estou feliz com o andar da carruagem.
Força rapazes!
Comeira, 6 de Outubro de 2013
José Bray
Não vou introduzir um comentário, mas dar a chave do canto IV, estrofe 96:
ResponderEliminarO' ambição, és atroz inquietação da alma, e da vida, fonte (origem) de desamparos (orfandades, viuvez) e de adultérios, astuta e conhecida devastadora de haveres de reinos e de impérios! E, sendo tu isto, chamam-te insigne, quando és digna de censuras infamantes: chamam-te soberana fama e glória, nomes com os quais se engana o ignorante povo.
Gostei da ajuda! Por favor, faça sempre!
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