Xadrez – Empates de salão
O empate numa partida de xadrez é um resultado normal, tão vulgar como a vitória ou a derrota. Acontece quando nenhum dos jogadores tem material para poder conduzir à vitória as suas peças em função da defesa do adversário. Acontece quando os dois jogadores repetem três vezes a mesma posição no tabuleiro. Acontece quando um dos jogadores afoga o rei do outro. Acontece quando os dois jogadores acordam no empate.
Até aqui tudo bem!
Não é por causa dos empates descritos acima a razão deste meu texto, é sim, por causa dos falsos empates, os chamados “empates de salão”. Em muitos Opens antes de começar uma qualquer jornada já os resultados estão combinados. Isto não é desporto é abandalhamento da verdade, para não lhe chamar outro nome. Esse sim, muito feio!
Embora não goste, ainda compreendo o empate, por motivo de interesse comum, no fim de uma prova. Dou como exemplo: O jogador que na última jornada lhe chega o empate para vencer a prova, propõe e o adversário por interesse ou medo, aceita. Outro exemplo curioso, acontecia em Luanda entre dois jogadores muito amigos, nunca um derrotava o outro. Também, já assisti a um jogador (cobarde) propor o empate dando o título ao outro só para garantir o terceiro lugar, curiosamente o adversário nem era superior e o medroso, podendo ganhar a prova, preferiu... não lutar porque se perdesse ficava em sexto ou sétimo lugar.
Agora o que não compreendo são aqueles xadrezistas (maus desportistas) que entram num grande torneio e sem luta começam a empatar entre eles, desvirtuando toda a verdade. Os xadrezistas sérios esfolam-se durante horas e mais horas ganhando ou perdendo, ficam esgotados e no outro dia voltam ao combate, enquanto uns (escolham vocês o adjectivo), passam as jornadas boiando como a cortiça, para depois se aplicarem em um ou dois jogos e por vezes nem isso.
- Mas que tem você com isso? Perguntam os caros leitores, mas eu explico porque o tema ainda encerra mais incorrecções. Na minha vida organizei e vi organizar muitas provas, senti na minha pele e também o que outros sentiram.
Organizamos um Open com muito sacrifício, muito trabalho e muitos gastos. Convida-se uns senhores que não pagam inscrição, muitos têm estadia gratuita, e ainda há alguns a quem é pago um cachet.
A arraia-miúda, inscreve-se e paga tudo com língua de palmo e nada recebe, com esforço pode amealhar uns pontos de Elo, ou seja, os senhores chegam, não pagam e ainda recebem. No fim da prova, depois de pouco jogarem levam os troféus e os prémios em dinheiro.
Isto tudo é imoral! Por isso era preciso tomar atitudes, coisa que infelizmente ninguém parece ter força para tomar uma decisão. Penso que algumas medidas podiam ser encontradas, coisa que mais tarde ou cedo acontecerá.
Quanto aos patrocinadores, carolas e voluntários, para eles é simples tomarem uma atitude, simplesmente desistirem e mandarem a malta, jogar a pau com os ursos. Infelizmente foi o meu caso e de alguns amigos!
Na minha opinião nunca se conseguirá provas para esses empates de salão, embora todos saibamos que os fazem. Como solução para os falsos empates, penso que os desempates na classificação deviam ter factores penalizadores. Por exemplo: Um jogador com cinco vitórias e cinco derrotas ficaria sempre à frente de outro com dez empates. Outro exemplo e este mais radical: O empate no lugar de valer 0,50 passava a valer 0,49. Desta formas os jogadores fugiam aos empates combinados e as panelinhas eram mais difíceis.
Obrigado pela vossa atenção.
José Bray, 5/3/2013